quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Humanos, apenas humanos...
                    
As distinções entre as sociedades humanas se dão de inúmeras formas. Vários foram os instrumentos utilizados para subjugar povos e ou grupos étnicos considerados e vistos como diferentes. Temos o costume quase que “natural” de olhar o outro e vê-lo como “inferior”, esquisito, com práticas e costumes quase que irracionais. Isto se chama etnocentrismo. Em algumas sociedades as divisões impostas são praticamente permanentes, e buscam inviabilizar a modificação do status quo. Para isto devem ser produzidas algumas “verdades” que confirmem tais divisões e superioridades. Veja-se o caso da Índia e sua sociedade de castas, em que a mobilidade social só deverá ocorrer na “próxima vida”.
 A revolução burguesa de 1789 na França, que tinha como lema “liberdade, igualdade e fraternidade” buscava modificar e substituir a antiga ordem, baseada em estamentos sociais em que uma nobreza de “sangue” e o alto clero possuíam enormes privilégios em oposição à infinita maioria da população que vivia em condições precárias. Já se passaram mais de duzentos anos e fico a me perguntar se realmente houve alguma revolução. Se não continuamos a ver uma minoria privilegiada em detrimento de uma massa ignóbil e alijada de direitos e dignidade. Se não continuamos a ver “escravos”, que se não mais vivem em senzalas, hoje possui como sinônimo as favelas. No período da revolução francesa, os “heróis” que falavam de liberdade, não pretendiam levá-la a todos, afinal, suas colônias na América precisavam de mão de obra, e, então... Liberdade para todos os homens brancos! Ah, é com dinheiro! O fato é que a escravidão permaneceu em todas as regiões do mundo. O que houve foi que seu formato se diferenciou, modificou-se, não por que era algo desprezível, que feria a dignidade humana, mas por que custava caro no bolso do patrão. Vários foram os economistas que escreveram obras destacando o alto custo da escravidão. Verificaram que pagar salário era mais barato, e que com a libertação dos escravos, teriam um aumento de mão de obra sem a necessidade de ter de comprar estas pessoas a um alto custo. Hoje vemos os produtos chineses invadindo nossas vidas, e não imaginamos que em muitos deles a escravidão se faz presente da forma mais vil possível. No Nordeste brasileiro não faltam exemplos de pessoas que vivem como escravas, ganhando 1/3 de um salário mínimo, que já é insuficiente para produzir aquilo a que se propõe. Bolivianos são trazidos a São Paulo para trabalhar em fábricas de roupas, recebendo às vezes mal a alimentação. Se desejarem sair, são ameaçados. Nos Estados Unidos vemos uma pregação de policiamento da fronteira com o México, para impedir a entrada de imigrantes. Pura falácia. Várias são as empresas que se apropriam desta mão de obra em troca de baixos salários e com conivência de várias autoridades. A travessia da fronteira virou um negócio altamente lucrativo. É quase uma indústria humana! De pessoas descartáveis! Lá o medo da agência de imigração é forte, e para imigrante clandestino se traduz em prisão. Então, a ameaça de ser entregue a imigração é algo assustador. Por isso, depois de estarem na América, acabam se tornando reféns do “american way of life”! Precisamos nos libertar, precisamos libertar nossos pensamentos. Precisamos buscar entender a vida de uma forma mais ampla. Saramago perguntou por que foi que cegamos? Epicteto, filósofo romano e ex escravo disse lá por volta do século I depois de cristo, que “não devemos acreditar nos muitos que dizem que só as pessoas livres devem ser educadas. Deveríamos antes acreditar nos filósofos que dizem que só os educados são livres”.  Então façamos como Epicteto, busquemos a liberdade através da educação. Grande abraço a todos.

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