segunda-feira, 31 de março de 2014

Histórias e golpes que se repetem



 Estamos completando 50 anos do Golpe civil militar de 31 de março ou 1º de abril de 1964(Há divergências sobre a data), que destituiu do poder o presidente João Goulart. O golpe de 64 era para ter ocorrido alguns anos antes, quando da posse de Jango em 1961, mas graças a uma ala legalista dentro do Exército e da postura firme de Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul o golpe foi adiado.
 O Brasil mergulha a partir desta data em um período de 21 anos de ditadura que não deveria deixar saudades em ninguém. Mas infelizmente algumas pessoas acham que o retorno dos militares ao poder nos dias atuais seria a solução de “nossos” problemas.  
 Em conversas com pessoas mais velhas e que eram adultas durante o período da ditadura, fica claro que pouco ou nada afetou de positivamente em suas vidas. O que já era difícil não se tornou melhor. Seus anseios Não foram colocados em pauta. Não foi para defender o interesse do povo que os militares rasgaram a constituição, mentiram e saíram às ruas para assumir o poder e se manter nele na base da violência e do terrorismo. Atentados praticados por militares, ou planejados por eles para infligir o terror na população civil não foram incomuns em nossa História. Temos como exemplo, o caso Parassar e no atentado do Riocentro.
Um relato interessante a respeito do momento do golpe e sobre como a população o sentiu em seus primeiros dias é o do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, que a época tinha 18 anos de idade. Vejamos o que ele disse:
Quando houve o golpe eu tinha exatamente 18 anos de idade. Trabalhava na metalúrgica Independência. E eu achava que o golpe era uma coisa boa. Eu trabalhava junto com várias pessoas de idade. E para essas pessoas, o Exército era uma instituição de muita credibilidade. Era uma coisa sagrada. Poderiam consertar o Brasil. Na hora do almoço, todo mundo de marmita, a gente sentava pra comer e eu via os velhinhos contarem: agora vai dar certo, agora vão consertar o Brasil, agora vão acabar com o comunismo”.[1]
 Mas será que a intervenção militar foi ou é solução para os problemas do país? Para o Almirante Armando Ferreira Vidigal, que a época era capitão de corveta e que foi preso por discordar do golpe à resposta é não. Diz ele: “eu diria que os militares receberam uma lição muito grande com a “revolução” de 64: a de que não lhes cabe intervir no processo político, por pior que esteja”. 
O professor titular da UFRJ Luiz Pinguelli Rosa perguntado sobre o que mudou entre a posse de Jango em 1961 e sua queda em 1964 nos conta que
“Provavelmente, a guerra ideológica promovida pela direita, com apoio de algumas multinacionais e do governo norte americano, e os erros da esquerda no poder contribuíram para o desfecho do golpe”. E o que mudou de 1964 a 2004? Acho que esse clima de ameaça de reação da direita, jamais puramente militar, mas resultante de interesses contrariados por medidas de justiça social e de perda de privilégios existente até hoje. Vivemos a ameaça do “mercado”.[2]
A ameaça do mercado ou o mercado ameaçado? Para defender estes interesses é que veio o golpe de 64. Se o mercado se sente ameaçado os militares intervém a seu favor. Se as elites se sentem ameaçadas golpes baseados em mentiras serão postos em prática. Em nossa história latino americana sempre foi assim. Vejamos por exemplo o caso do Chile de Salvador Allende. Segundo Clóvis Rossi, a Unidade Popular de Allende tinha a intenção de criar a primeira “sociedade socialista construída de acordo com o modelo democrático, pluralista e libertário” das Américas. Seria a via chilena para o socialismo. A legalidade burguesa seria totalmente respeitada, fato este inédito até então em todos os projetos socialistas do mundo. Mas mesmo assim, a direita burguesa não aceitou jogar o jogo de Allende.
Allende chegou ao governo com 36% dos votos em 1970. Incentivado pelos EUA o país vivia uma crise econômica a época. Foram enviados 8 milhões de dólares americanos para apoiar grupos que estivessem interessados em desestabilizar o governo. Mesmo com a crise, nas eleições legislativas o partido de Allende obteve 44% dos votos. A direita não aceitou. Pretendia obter maioria para derrubar Allende no congresso.  Para Clovis Rossi “a desgraça de Allende foi paradoxalmente a capacidade de angariar adesões dos chilenos”.[3] Com a derrota nas urnas, veio o golpe do general Pinochet que bombardeou o palácio do governo levando a morte de Salvador Allende. A verdade é que a direita burguesa não aceitou ver o governo investir em melhorias para as classes menos abastadas. Foi assim no Chile, foi assim no Brasil.
 Infelizmente possuímos uma visão muito limitada sobre o que de fato ocorre. Sobre alguns pormenores dos acontecimentos. Somos direcionados a ver e acreditar naquilo que nossos “infalíveis” apresentadores de TV nos repassam todas as noites em seus telejornais. Se eles dizem é por que deve ser verdade, e mesmo que os índices estabelecidos positivamente para os menos favorecidos sejam reais, se estiverem contrariando interesses poderosos, não serão mostrados. A mídia é sempre parcial. Pelo menos é o que nos diz Ciro Marcondes Filho, no livro “O capital da notícia”.
 “um conglomerado jornalístico nunca fala sozinho. Ele é ao mesmo tempo a voz de outros conglomerados econômicos ou grupos políticos que querem dar as suas opiniões subjetivas e particularistas o foro de objetividade”.[4]
A respeito desta parcialidade da mídia, outro dia assistindo a um telejornal em que uma jornalista apresenta seu editorial sempre de forma limitada e polêmica resolvi fazer uma rápida busca sobre seus comentários a respeito da Venezuela e o governo atual de Nicolas Maduro, que é uma consequência e continuidade do governo Hugo Chávez. Dados internacionais de inúmeras organizações não apresentam tantos problemas políticos e econômicos na Venezuela. Apresentam pelo contrário, dados favoráveis. Há sim uma forte oposição de setores outrora privilegiados por governos corruptos e subservientes aos norte americanos e que agora não possuem tantos privilégios assim. O maior crítico do governo Maduro hoje é um milionário do petróleo. Não é a população. Não a sua maioria.
O programa “Sem Fronteiras” da Globonews exibido em 21 de março de 2014 discutiu a situação venezuelana atual. Segundo a matéria, dos mais de 300 municípios da Venezuela, apenas 18 apoiam a direita. Os insatisfeitos seriam brancos e de classe média alta, que insatisfeitos com a perda de poder e de privilégios estaria incentivando a insurgência. Ainda segundo a matéria, os EUA já teriam investido através de uma ONG mais de Noventa milhões de dólares para apoiar os insurgentes. A falta de alimentos nas prateleiras seria por conta de um boicote de empresários pró EUA para desestabilizar o governo de Maduro, que conta com apoio maciço das forças armadas e da maioria da população do país.
Relatório da Comissão de estudos para América Latina (Cepal) apresenta dados que não condizem com o que diz muitas das mídias de direita de nosso país, subservientes a Washington. Vejamos. O aumento do salário em 2013 foi de 27,2% para o setor privado e de 58,6 para o setor público. O consumo privado teve um aumento de 7,1% enquanto que o setor público aumentou 3,1. Na construção civil o aumento foi de 25%.
O PIB do país no primeiro trimestre de 2013 foi de 5,8%. O salário mínimo aumentou 25%.
De acordo com a CEPAL este crescimento que vem desde 2011 deverá permanecer por algum tempo apesar da crise que assola vários países do mundo.
A Venezuela estava em 2013 como a quarta maior economia da América Latina, atrás de Brasil, México e Argentina. É o terceiro lugar mundial entre os países que mais subiram na lista do IDH em 2013.
Dados do Banco Mundial também são positivos. A dívida externa vem diminuindo progressivamente.
O desemprego está na casa dos 8,3%. Bem distante dos índices da Europa que chega a 20%.
Do ano de 1998 para cá, a pobreza social diminuiu em cerca de 50%, enquanto que a indigência 51%. No ano de 2010 a pobreza geral estaria em torno de 27,8% e a indigência em 10,7%.
 No ultimo relatório da CEPAL a Venezuela aparece como país com menos desigualdades na América Latina com coeficiente de Gini de 0,394.
O PNUD diz que a Venezuela sob dois postos em 2011 no IDH. É hoje um país com alto índice de desenvolvimento, com pontuação de 0,735 18. Só perde para CUBA e Hong Kong entre os países que mais tem crescido no Índice de Desenvolvimento Humano.  Ainda segundo a CEPAL é o país com a distribuição mais justa de renda da América Latina. São 18 países.[5]
Enfim, são dados que para a maioria de nossos jornalistas parece não ter muita relevância, por que Chávez, mesmo com todos os avanços inegáveis e ganhando 18 das 19 eleições disputadas durante seu governo era chamado de tirano e ditador. Enfrentou a fúria de uma classe média alta e rica que não queria ver seu quinhão sendo mexido e se revoltava e promovia (e promove!) tentativas de golpes.
Maduro hoje vê esta mesma oposição que é liderada por um milionário da área petrolífera vociferar contra seu governo de profundas mudanças sociais. Nós vemos pessoas manifestarem seu discurso fascista e mentiroso para uma população que assiste a telejornais e assimilam estas informações como pura expressão da verdade. Sobre isto, aliás, a Historiadora e jornalista Marialva Barbosa nos revela que
a objetividade da notícia é há muito tempo vista como uma falácia, até mesmo para os mais ingênuos dos profissionais. Ao selecionar, ao hierarquizar, ao priorizar a informação - dentro de critérios altamente subjetivos ligados a interesses nem sempre condizentes com o de seus leitores- o que o jornalismo está fazendo é uma seletiva reconstrução do presente.[6]
 Tentarei contextualizar melhor o governo de Jango, a década de 1960 no contexto da guerra fria entre americanos e soviéticos e o golpe de 1964. Assim como já citado o caso Chileno, não poderei deixar de citar algumas informações a respeito da Revolução Cubana, pois assim como nos dias atuais, havia muitas conexões entre estes dois países; se no passado houve questões ideológicas influenciando, hoje há também além disto, os acordos econômicos e de cooperação como o “mais médicos”. 
 Cuba, uma pequena ilha do Caribe tornou-se um pesadelo para o governo de Washington. A revolução cubana liderada por Fidel Castro e Che Guevara destituira do poder o então presidente Fulgêncio Batista, que era uma espécie de lacaio norte americano, e que transformara a pequena ilha em um bordel do Tio Sam. Com a revolução o país mudara radicalmente. Jorge Castañeda em seu livro “Che, a vida em vermelho” revela que a distribuição de renda e da riqueza aumentou muito o consumo da população.
“a revolução alcançara muitas conquistas no campo da educação. Se antes de 1959, 40% das crianças de seis a quatorze anos permaneciam fora da escola, a porcentagem já havia baixado em 1961 para 25%. A campanha de alfabetização daquele ano reduziu o índice de analfabetismo de 23 para 3,9%...no total participaram da campanha quase 270 mil professores”.[7]
Em um documento até recentemente secreto da embaixada britânica na ilha, nós dá uma visão das transformações ocorridas e que servem como uma interessante visão dos que se posicionam contra o regime comunista. Vejamos o que diz o documento:

Como nossas vidas se tornaram menos prazerosas, nós, diplomatas ocidentais, tendemos a esquecer como a revolução favoreceu esse setor (os pobres, os negros, os menores de 25 anos e os assalariados). Nossos contatos se restringem a alta classe média contrarrevolucionária, logicamente ressentida. Não vemos o entusiasmo dos camponeses em suas novas colônias, da classe operária que frequenta pela primeira vez os antigos clubes de luxo e as novas praias públicas com seus filhos usufruindo de parques de brinquedos incrivelmente bem equipados. Ainda mais importante é a reação natural dos jovens, quase todos humildes, que respondem aos chamamentos para trabalharem por um futuro melhor e por uma causa que acreditam ser justa. Não podemos avaliar a força dessas emoções, de suas convicções e de sua lealdade.[8]

Já pensou uma nova Cuba e com a dimensão brasileira? De forma alguma isto poderia acontecer. E para isto o golpe já vinha sendo tramado há algum tempo. O Historiador Ronaldo Costa Couto nos revela trechos de uma conversa entre o presidente americano Lyndon Johnson e o senador Mike Mansfield ocorrido em 20 de abril de 1963. Eis o trecho da conversa: “preciso conversar com você sobre o que está acontecendo no Brasil. Preciso contar sobre o que está acontecendo no Vietnã. Acho que você não sabe, mas é séria a situação”.
Priore e Venâncio também nos dizem que “havia muito, tal intervenção era discutida em instituições como a Escola Superior de Guerra”. Documentos norte americanos referentes à operação Brother Sam previam, no caso de resistência por parte do governo de Jango, fornecimento de 110 toneladas de armamentos e explosivos para os militares golpistas atuarem em defesa de seus interesses.
Os anos 1960 foram extremamente conturbados. Havia vários movimentos de luta pelo país e pelo mundo. As ligas camponesas de Francisco Julião agitavam o nordeste do Brasil. Eram os tempos em que as áreas de influência eram disputadas com todas as forças. Para Aarão Reis, a década de 60 estava cheia de acontecimentos importantes para definir os rumos e as diretrizes mundiais. As incertezas políticas eram enormes. A vitória da já citada revolução cubana em 1959 e da Argélia em 1962 traziam grandes expectativas de mudanças. Tudo isto vinha na cauda dos conflitos entre EUA e URRS. Ambos lutavam por zonas de influência. E no caso do Brasil, que possuía aqui inúmeras empresas norte americanas, havia um medo de que alguma postura mais a esquerda lhes trouxesse prejuízos. E Jango, mesmo não tendo nada de comunista, os assustava. De qualquer maneira, a questão é que o governo Jango parecia ferir interesses norte americanos. E isto de fato iria ocorrer.
Entre estes interesses estava a questão do controle da evasão de divisas para o exterior. O governo brasileiro pretendia controlar estas remessas de lucros que eram extremamente desfavoráveis para o país. Não conseguiu resolver. Mas Após o golpe tudo foi resolvido. Como? Jango em carta escrita do exílio nos respondeu: “a lei de remessas de lucros, freio a ganância internacional, foi criminosamente alterada em detrimento dos legítimos interesses do país”. Os americanos tinham seus deputados eleitos para o congresso nacional. Muitos foram os financiamentos do IBAD para campanhas de deputados e senadores pró-americanos.
Havia uma propaganda muito forte contra o comunismo, e o governo João Goulart era a todo momento associado a este regime. Há que se lembrar que quando da renúncia de Jânio Quadros, Jango se encontrava em visita China Comunista, e que quando ministro do trabalho de Vargas, Jango autorizou um aumento de 100% do salário mínimo. Isso deixou as classes empresariais descontentes e ele teve de deixar o ministério.
   Segundo o Professor da UFMG Otávio Dulci “o Brasil vivia uma etapa complicada. Condensava-se um clima de mobilização social que abria oportunidades para o futuro... a agenda das reformas de base discutidas durante a campanha presidencial de 1960 se tornou o ponto de referência do debate político”.[9]

Antes do golpe, para tentar mudar o quadro a seu favor, os americanos, como já citado anteriormente, financiaram inúmeras candidaturas a diversos cargos eletivos no país. O IBAD foi o principal órgão de financiamento de campanha para aqueles que se propusessem a defender os interesses americanos em terras brasileiras. Inúmeras campanhas, inclusive religiosas foram financiadas pelo governo norte americano contra o “perigo comunista” que assolava nossas terras. Padres e pastores pregavam em seus púlpitos com os bolsos cheios de dinheiro a defesa dos interesses do Tio Sam. E foi por este motivo que nossos militares depuseram o presidente Jango; para defender os interesses do capital estrangeiro.
As classes dominantes do país não conseguiam apoio da população brasileira. Baseado no que se via nas urnas, eles estavam com muito pouco crédito. Segundo Mary Del Priore “durante décadas políticos udenistas, representantes das parcelas importantes das elites empresariais e agrárias, dificilmente conseguiam o apoio de mais de 30% do eleitorado brasileiro” (PRIORI, VENÂNCIO, 2010, p.279). Com o advento da ditadura, esta classe dominante pode colocar em prática muitos projetos até então dificultados por alguns governos anteriores, como por exemplo, “a diminuição do valor real dos salários e a ampla abertura da economia aos investimentos estrangeiros”. (PRIORE, VENÂNCIO, 2010, p.279).

E após o golpe como ficou o Brasil? Melhoramos? Pioramos? O sociólogo Hélio Jaguaribe acredita que os 20 anos de ditadura militar “atrasaram o desenvolvimento do país”. Em discurso proferido na época dos 40 anos do golpe ocorrido no ano de 2004, Jaguaribe nos disse que
           “a partir do choque do petróleo, na década de 70, a nossa dívida externa foi aumentando assustadoramente, porque o presidente Geisel decidiu continuar com o seu plano de desenvolvimento, pagando o alto preço do endividamento. O período cultural foi marcado pelo maior obscurantismo intelectual, com a extinção dos debates na sociedade civil. E o grande crime do golpe foi à sistematização da tortura como instrumento de governo. Pode-se matar um homem em legítima defesa, pode-se matar um homem em guerra. Mas não se pode torturar um ser humano. O nunca mais é, antes de mais nada, nunca mais tortura”.[10]

Passados hoje 50 anos do golpe civil militar contra o governo de João Goulart, eleito democraticamente, existem ainda pessoas que acreditam que a volta dos militares ao poder seria a solução para os problemas sociais do país. Creio poder dizer que, felizmente, estas vozes são poucas e descabidas. Não há clima nem apoio ou interesses estrangeiros contrariados para isto. Nossa economia não vai bem. A corrupção assola nosso país. A violência nos assusta. Nossos jovens não vão mais a escola apenas para estudar. Estes fatos são tristes, mas não são culpa apenas do atual governo, ou poderão ser solucionados por truculentos militares.
Não será o retorno da tortura institucionalizada, da suspensão de Habeas Corpus e do desaparecimento de pessoas (apesar de isto ocorrer indiscriminadamente), como ocorreu depois do golpe de 1964 e da subida dos militares ao poder, que irá resolver os atuais problemas brasileiros. Devemos olhar para trás e não repetir velhos erros. A História está ai para nos ensinar e ela nos mostra que algumas coisas devem ser enterradas após aprendermos suas lições. Se houvesse uma forte campanha em favor de um novo golpe, eu diria que nada teríamos aprendido nestes 50 anos. Felizmente aprendemos um pouco.
Qual o caminho a ser seguido? Creio que a resposta seja bem mais complexa e que eu ainda não possa responder. No mais, um minuto de silêncio por todos os mortos e desaparecidos durante o regime militar brasileiro que ainda estão longe de serem encontrados...




[1] COUTO, Ronaldo Costa. História indiscreta da ditadura e da abertura. Brasil: 1964-1985. Rio de Janeiro, Record, 1999.
[2] ROSA, Luiz Pinguelli. Reminiscências do golpe. 1964; olhares sobre o golpe que calou o Brasil. Jornal do Brasil, 11 de abril de 2004, P.9.
[3] ROSSI, Clóvis. A contra revolução na América Latina. São Paulo: Atual, Campinas, Universidade Estadual de Campinas. 1986. P19.
[4] MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia (jornalismo como produção social de segunda natureza). São Paulo, Ática, 1989, p2. . IN: ASSIS, Charleston José de Souza. Classes populares, cultura política e revolta do RJ. Niterói, Nitpress, 2007, p 17.

[6] BARBOSA, Marialva. Senhores da memória. Tese de concurso público para professor titular no setor de jornalismo. Departamento de comunicação social. Universidade Federal Fluminense, 1993, p2. IN: ASSIS, Charleston José de Souza. Classes populares, cultura política e revolta do RJ. Niterói, Nitpress, 2007, p 17.
[7] CASTAÑEDA, Jorge. Che Guevara; a vida em vermelho. Tradução Bernardo Joffily. São Paulo; Companhia das Letras, 2006. P,280.
[8]. British Embassy, Havana to  the Earl of Home (Foreign office) 11/01/1962 (secret) , Foreigh Office archive, Londres, FO 371/62308, Ref. 9843, p.5. IN: CASTAÑEDA, Jorge. Che Guevara; a vida em vermelho. Tradução Bernardo Joffily. São Paulo; Companhia das Letras, 2006. p,281.

[9] .DULCI, Otávio. Porque Jango caiu? 1964; olhares sobre o golpe que calou o Brasil. Jornal do Brasil, 11 de abril de 2004, P.16.

[10] Telles, Hilka. 1964 estava ensaiado desde 1950. 1964; olhares sobre o golpe que calou o Brasil. Jornal do Brasil, 11 de abril de 2004, P.54.


segunda-feira, 3 de março de 2014

Para onde estamos indo?

Tenho me martirizado nos últimos dias pensando nas propostas de mudanças que são apresentadas para nossa politica, porém essas propostas já foram utilizadas no passado e não era boa para a maioria da população, ou seja, os menos favorecidos da sociedade brasileira.  Utilizar discurso que na época da ditadura era melhor por isso e por aquilo não satisfaz a minha inquietude, pois dizem que a escravidão também ajudou a construir o Brasil, também se diz que o trabalho infantil teve sua importância na alavanca da industrialização Brasileira, teve até máquina importada pelas indústrias com tamanho condizente com crianças entre 05 e 12 anos e depois um deputado muito caridoso se mostrou muito sensível a esta situação e propôs uma diminuição na carga horaria dos menores que era de 12 horas/dia para 8 horas/dia, não precisa nem falar que este politico era dono de alguma fabrica.
Fico pensando se daqui uns dias não vão propor algumas dessas horrorosas práticas para dizer que o crime vai diminuir, já que filho de pobre tem é que trabalhar e não estudar como os filhos dos ricos. Na verdade o que acho que esta acontecendo é que o capital esta se sentindo ameaçado e com medo ficar sem mão de obra barata aqui no Brasil e por isso inflama algumas pessoas dizendo que a moral e os bons costumes tem que voltar. Tudo bem você vai dizer que a educação pública esta uma merda, mas será que não temos culpa? Digo nós porque também faço parte dessa sociedade capitalista egoísta e imediatista que ao invés de participar diretamente nas mudanças preferimos colocar nossos filhos numa escola particular, comer pão com ovo e achar que estamos fazendo nossa parte.
Não vamos nos iludir achando que se voltar o que já foi ruim vai melhorar, pelo contrario, ideologia radical só vai nos levar para o abismo, vai usar a tripartição social e quem estiver fora do que eles acharem que é o certo vai para o sal como se diz na gíria, sem discussão e sem direito ao contraditório. Aí você vai dizer eu estou defendendo vagabundo, não mesmo, eu não consigo ter pena, mas consigo entender o porquê dele está ali e acho que o que devemos fazer e participar ativamente do sistema educacional em nosso país, pois em todos os países que se desenvolveram foi através da educação, mas nós pobres e desgraçados trabalhadores começamos a ganhar um pouquinho melhor e já nos achamos CLASSE MÉDIA, então pra que se importar com filhos dos outros, os nossos estão acima deles, SOMOS CLASSE MÉDIA. Só rindo basta sair da miséria, abaixo da linha de pobreza que estamos nos achando essa merda aí que não sei o que significa, na verdade sei, mas deixa pra lá.
Pior é ouvir alguém falar em ideologia usando a ditadura para combater o chamado comunismo que a verdadeira classe média diz esta implantada no Brasil, não vejo comunismo aqui, vejo um sistema que aos poucos esta conseguindo incluir uma classe que sempre foi desfavorecida em ambientes que não lhes pertencia. Tem muita coisa para melhorar? Claro que sim, mas aí dizer que dá dinheiro a pobre é um absurdo que isso que é aquilo que esta criando uma cambada de vagabundo etc, e quando se dá dinheiro para ricos como foi sempre o que aconteceu aqui? Não via tanta reclamação quando isto acontecia.
A verdadeira classe média está mesmo muito puta, pois apesar de não ser rica ela conseguia possuir as mesmas coisas que os ricos e manter uma distância quilométrica dos pobres e ultimamente isto vêm mudando, os pobres estão conseguindo mesmo que se lascando adquirir os seus objetos de consumo, tanto que estão sendo confundida com a tal classe média. E os ricos o que estão achando de tudo isto? Estão adorando, enquanto aqui embaixo estamos nos digladiando, os mesmos estão em seus jatinhos particulares e fazendo a gente consumir desenfreadamente para que eles não mudem nunca de posição.

Quanto a qual sistema seria o ideal confesso que não sei, mas uma coisa a gente pode ter certeza, não é o que já usamos e não gostamos. Talvez o caminho fosse voltar ao comunismo primitivo, aquele antes da contaminação do acumulo de capital, mas será que estamos dispostos a abrir mão das facilidades de hoje em dia? Mesmo sabendo que estamos indo para o buraco o que mais queremos é consumir e que se exploda o mundo. Acho melhor começarmos a pensar em sistema a qual nunca foi usado e que consiga atender a todos ou então ficar aí nesse puxa para lá, puxa para cá, e quando abrirmos os olhos já vai ser tarde. Todavia prefiro uma falsa democracia a uma verdadeira ditadura.