sexta-feira, 29 de outubro de 2010

É ALÁ QUEM DEVE DECIDIR...


Esta frase foi pronunciada por um pai que estava se recusando a vacinar seus filhos contra a varíola em uma região da Índia. Ele, entre outras coisas, fez a seguinte pergunta para o agente de saúde: “você é deus?” dizendo em seguida que somente Alá poderia curar seus filhos. O número de mortes por varíola na Índia e alarmante, assim como o de várias outras doenças, que possuem como “aliadas” para a proliferação, as crenças mítico religiosas. A religião acaba por se tornar um enorme empecilho nos países pobres e subdesenvolvidos, sendo um instrumento contra qualquer coisa que os mesmos desconheçam e que possivelmente não provenha de “deus”. Na Nigéria, a pólio se alastra a cada dia por que líderes religiosos proibiram o uso de medicamentos e vacinas espalhando o mito de que a mesma causa impotência. Estamos em pleno século XXI, século este das inovações tecnológicas, de enormes descobertas científicas, antropológicas e Históricas. Milhares de mitos milenares já caíram por terra, e, no entanto, continuamos a viver no obscurantismo das trevas da idade média em vários lugares do mundo. Fenômenos de ignorância como os relatados acima, não são privilégios da Índia ou de Países africanos. As pessoas tendem a acreditar nas coisas mais absurdas, e em muitos casos acabam por prejudicar a própria saúde, ou trazendo problemas para pessoas próximas, apenas por conta de sua ignorância. Um dos problemas atuais da humanidade é o “pensamento individual para o coletivo”. Alguém que sabe muito pouco, e que mesmo assim pensa por uma grande maioria. São os famosos líderes espirituais responsáveis pelo desenvolvimento de doenças nos países anteriormente citados, e por vários outros problemas que se desenvolvem em várias outras regiões do mundo. Precisamos passar a pensar por nós mesmos. Questionar idéias absurdas e infundadas que não tenham nenhuma base RACIONAL. Eis aí algo que estamos precisando tomar em altas doses pelo menos umas quatro vezes ao dia: racionalidade! Se colocássemos a razão na frente da maioria de nossas ações, evitaríamos uma série de problemas. Outro ponto importantíssimo para evitarmos problemas na vida, seria uma boa dose de informação, e informação de várias fontes possivelmente confiáveis e diferenciadas, para desta forma tomarmos decisões fundamentadas, tanto na quantidade de informações quanto na racionalidade. Infelizmente a maioria das pessoas tanto na Índia, África, Américas e Oriente Médio não possuem doses suficientes dos “remédios” acima citados para melhorarem suas vidas. Que Alá nos ilumine!  

Não somos os mais corruptos...


Estou desapontado: não somos os mais corruptos do mundo...
Uma organização internacional acaba de revelar o ranking de países mais corruptos do mundo, e pasmem! Não estamos em primeiro lugar! Existem 68 países mais corruptos do que nós! Fiquei de boca aberta. Até um pouco decepcionado. Estou um pouco cansado de sermos os primeiros só no futebol. Não tem nenhuma outra coisa que estejamos na frente de alguém. E corrupção. Poxa! Nossos políticos se esforçam tanto, mas tanto, que acho que devem estar decepcionados. Talvez você não conheça a história de muitos deles de perto. Só de ouvir falar pela televisão. E televisão mente muito. Aqui onde moro, você nem imagina a força que eles fazem para estarem entre os melhores. Chega a ser algo emocionante. A forma como utilizam a verba pública, como nomeiam assessores. Cuidam das escolas. Não deixam faltar gasolina para ambulâncias. Como tratam seus funcionários. É de dar pena ver o Brasil nesta posição. Nossos políticos realmente não merecem. Provavelmente estes organizadores de pesquisa não estiveram aqui de fato. Deve ter sido igual a esses cursos de correspondência. Pesquisaram na internet. Só pode ser. Acho que poderíamos impugnar esta eleição! Eles de fato não conhecem o trabalho de nossos políticos. Poucos no mundo conhecem. Garanto para vocês que se até o Bin Laden conhecesse nossos políticos, ele não teria jogado (supostamente) aqueles aviões contra o WTC.  Mas fica aqui meu protesto, minha mais pura indignação por conta desta eleição que nos colocou em uma posição vergonhosa. Para mim já bastava à oitava posição na copa do mundo e a 85º no ranking de educação da UNICEF. Poxa! Esse ano não ganhamos nada! Nem na corrupção!
                                             Alex Grijó, 26 de outubro de 2010.
                                    Se parássemos para pensar...
Você já parou para pensar que neste exato momento em que você está ai pensando em que colocação o seu time vai ficar no campeonato brasileiro, ou quem matou de fato Odete Hoitman (desculpem não ter um nome novo, mas é que eu não vejo novelas) milhões de crianças pensam se terão algo para comer no dia de amanhã, já que no de hoje não foi possível comer nada? Que soldados americanos estão jogando bombas em escolas no Afeganistão, culpando terroristas islâmicos apenas para proteger o interesse das empresas americanas interessadas em explorar minério nas montanhas (de minério, que disseram que um tal de Bin Laden estava escondido por lá) daquele país? Acho que não né? Existem coisas mais importantes para se pensar. Precisamos viver dentro de nosso mundinho, cercado de nossas pequenas futilidades, por que se não, se formos pensar nisto, iremos enlouquecer não é? Bela maneira de dizer “dane-se”, não é problema meu. Não irei resolver os problemas do mundo. Não posso e nem tenho tempo para pensar nisto. É, mas poderia ser você a esperar que alguém pensasse nisto. A esperar por alguma solução que viesse a matar sua fome, a devolver-lhe a liberdade, ou apresentar uma solução para que você saia às filas do transplante de rins. Se não acontece conosco, dane-se. Mas o que de fato ocorre, é que ocorre exatamente conosco! O problema é que fomos doutrinados a não enxergar, a não darmos valor ao que realmente importa. Nossa vida é muito pequena. Pobre. Não enxergamos muito além de um palmo a frente de nosso nariz. Nossa realidade é a das novelas da rede globo. Dos programas sensacionalistas do fim de tarde que a única coisa que possuem para oferecer é medo, sangue e miséria. Após o nascimento de meu filho tive de passar a assistir uns desenhos animados com ele, para tentar descobrir qual seria mais propício para uma criança. O problema é que os programas que passam para esta faixa etária são de uma violência extrema, mas que passam em horários que a legislação diz ser “de programas educativos”.Felizmente posso pagar uma assinatura de TV, e isto me proporciona um entretenimento um pouco melhor que o das TVs abertas. Nestes desenhos que passei a assistir (nos canais por assinatura), encontrei alguns muito bons, com valores e conceitos muito interessantes, que me deixaram contentes com relação ao conteúdo que meu filho iria ter acesso. Mas, me veio à indagação a respeito do porque que os desenhos das TVs abertas somente tratam de violência e mais violência? Vejam os exemplos: Pica pau, Popeye, super amigos, homem aranha, incrível Hulk, comandos em ação, tartarugas ninja, ou os Hentai dos últimos anos? O que todos estes tem em comum é a violência, que se torna desde a tenra idade algo cotidiano em nossas vidas. Pergunto-me por qual motivo o ministério da educação não questiona tal conteúdo tendo em vista que o estatuto da criança e do adolescente fala em horário, faixa etária e conteúdo educativo para crianças? Onde entra o conteúdo educativo nestes desenhos? E nós como pais, como podemos deixar que nossos filos assistam a tais aberrações? Enfim, é apenas uma indagação, algo que em minha cabeça não ficou muito claro. Quem sabe sou apenas eu e minha excessiva obsessão por questionar o que me rodeia...

                                                 Alex Grijó, 07, de julho de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cruzadas
As cruzadas estão entre os eventos mais sombrios da História da humanidade. Uma seqüência insana de tentativas de conquistar a “terra santa” de Jesuralém, que por um período de 200 anos aproximadamente, colocou cristãos e muçulmanos frente a frente em batalhas sangrentas em busca de poder, que tinham as questões políticas e religiosas entrelaçadas como pano de fundo, fato este que já não era incomum naquela época e nem deixou de ser posteriormente.
A Europa do século XII era uma região em que os conflitos entre os seus diversos povos eram uma constante. A falta de unidade era muito maior do que nos dias atuais, que apesar de uma pregação de unidade devido a união européia, há ainda muitos conflitos internos movidos por intolerância religiosa de europeus para com europeus. Para vermos isto claramente basta analisarmos os conflitos nos Bálcãs, a região Celta na Espanha e a cultura Turca, mais muçulmana do que Cristã para vermos o quão diferentes estes povos são. Mas como ia dizendo, naquela época a falta de integração na Europa era bem pior. A igreja católica que possuía um poder infinitamente superior ao que possui nos dias atuais buscava por mais poder, e para isto, o Papa Urbano II, líder político da igreja convoca um exército em que se mesclaram guerreiros profissionais, assassinos e nobres nem tão nobres assim. Estes homens encantados pelas promessas de Urbano, que incluíam além de “uma terra que jorrava mel e leite”, a garantia de que teriam todos os pecados perdoados e um lugar garantido desde já no reino dos céus. Com todas estas promessas, Urbano reúne um grande números de seguidores e parte de Constantinopla a Jerusalém, perfazendo um trajeto de aproximadamente 1000 Km.
A primeira batalha enfrentada por estes cristãos fora a de Doriléia, onde ao encontrarem com os turcos muçulmanos, se digladiaram promovendo uma santa carnificina em que milhares saíram mortos.  Balduíno era o líder dos cruzados. Tratava-se de um homem ganancioso que estava longe de se preocupar com as riquezas na outra vida. O que este visava era apenas dinheiro e poder ainda neste plano terrestre. Em sua jornada rumo a Jerusalém Balduíno passa pela cidade de Basiléia e alia-se a seu governante, que acaba por adotá-lo como filho. Balduíno trama a sua morte, executa-a e passa a dominar esta cidade. Estava claro desde o inicio que o interesse cristão cruzado não era o de remover os infiéis da terra santa, mas apenas de conquista de poder e mais poder. Qualquer povo que se encontrasse naquelas terras seria declarado inimigo da fé cristã, até mesmo se fossem outros cristãos.  Neste caso usariam a desculpa seguinte: “vocês não são os verdadeiros cristãos! Nós é que praticamos o verdadeiro evangelho! Saiam infiéis!” Ou coisa muito parecida com este discurso.
Deixando a Basiléia, o próximo passo era Antióquia. Esta cidade era muito importante, talvez tanto quanto Jerusalém. Ela se via posicionada estrategicamente no caminho cruzado. Após um período de peregrinação em torno de oito meses, os cristãos tiram os muçulmanos de suas casas e os matam sem piedade. Não seriam castigados por deus, afinal, matavam “infiéis”. Não foram poupados nem crianças. Yag Sian, governante desta cidade foge, mas é capturado no dia seguinte e sua cabeça é exposta para que todos vejam que agora quem manda são os cristãos. Mas Sian havia conseguido fazer contato com os turcos, e estes enviaram reforços que chegaram no dia seguinte a sua morte. Ao chegarem encontram uma cidade cercada por enormes muralhas, que abrigavam os cruzados totalmente cansados, fadigados e sem nenhum estímulo. Líderes cruzados criam um plano motivacional, dizendo aos soldados que havia uma igreja na cidade que poderia possuir a lança que fora usada na crucificação de Jesus! Se encontrassem esta lança seria um sinal de que deus estaria do seu lado e que estes estariam no caminho certo e que não deveriam desistir de forma alguma. Obviamente que esta lança fora encontrada. E isto dera uma injeção de ânimo nos soldados de cristo que enfrentaram os turcos e se sagraram vencedores.
Os cristãos também devastaram a cidade de Maara, que por acaso se encontra entre os lugares de maiores atrocidades cometidos durante as Cruzadas. Crianças chegaram a ser comidas, sendo para isso colocadas em enormes espetos e assadas na brasa.
Após o ocorrido em Maara, os cruzados se voltam novamente para Jerusalém e conquistam seu objetivo. Don Godofredo assume o governo, mas morre um ano depois, deixando o cargo para Balduíno. O Papa Urbano II morre sem saber que seu objetivo fora alcançado. Vários foram os acontecimentos ocorridos posteriormente. Um fato comum a todos eles for a insanidade e a busca incessante por poder e mais poder. As cruzadas foram um dos capítulos mais obscuros da História do cristianismo. Esta cruzada fora apenas a primeira, e os atos insanos continuaram por muito mais tempo. Fica a idéia de uma proposta de reflexão a respeito do que se pode cometer em nome de deus e do dinheiro. Abraços.

domingo, 24 de outubro de 2010

Patrimônio histórico

    

Da barca pêndula a ponte de ferro



      Construída no séc. XlX para facilitar a vida dos moradores de campos dos goitacazes na travessia do rio Paraíba do sul, a ponte João Barcelos Martins foi durante muito tempo a única ligação entre os dois lados da cidade. Antes é claro poderia se fazer esta passagem de barco, o que era bem mais perigoso e demorado. A ponte foi um sinal de avanço para nosso povo fazendo o intercambio entre Santo Antonio dos Guarulhos (Guarus) e o centro.
      A idéia de fazer uma ponte era cultivada nos pensamentos de nossos antepassados e em 1846, mais precisamente em 2 de julho, iniciou-se o funcionamento da nossa primeira ponte, que se chamava ponte volante. Tratava se da composição de duas barcas ligadas por vigas e com assoalhos de madeiras. Havia também separações por grades para carros e animais não se juntarem com os passageiros a pé. Essa foi uma de nossas primeiras evoluções na travessia deste rio que corta nossa cidade. Essa ponte-volante ou barca pendula como também era conhecida tinha como proprietário o vice-cônsul Francês em Campos, o Sr. Julio Lambert que cobrava pelos seus serviços de travessias.
      Era aspiração do vereador Narciso Bittencourt de construir uma ponte em frente à cidade desde 1830. Projeto que só deu inicio em 1837, quando trataram de formar uma companhia para construir uma ponte de pedra sobre o rio. Depois de juntarem material dos dois lados e de várias tentativas frustradas, caíram em desanimo ao ver a obra sem efeito e em 1858 trataram de liquidar a empresa e ficaram somente com as dívidas.
      Em 25 de outubro de 1869 é que realmente vai se iniciar os tramites legais para a construção da ponte de ferro, através do Sr. Thomas Dutton Junior que celebrou o contrato para a obra e arrendamento da mesma sobre as águas do nosso rio. Com 4,57m para trânsito de carros mais 1,06m nas laterais para pedestres e 253m de comprimento, foi construída em cima de pilares de ferro fundido de forma cilíndrica e cheios de concreto cravados no leito do rio. Inaugurada em 5 de abril de 1873, foi experimenta e aprovada pela sua resistência e capacidade, começava então a facilidade das pessoas que queriam se deslocar de um lado para o outro da cidade.
      Chamada também de ponte de pau por seu assoalho ser de madeira, em 1959 volta a ser reinaugurada agora com pavimentação de cimento e se chamando ponte Dr. João Barcelos Martins em homenagem ao então prefeito que realizou esta obra de modificação estrutural. Em final de mandato o político entregou a obra em 25 de janeiro já que no dia 31 assumia o cargo José Alves de Azevedo.
      Sendo o principal elo de um lado a outro até 1952 quando foi inaugurada a ponte General Dutra, não deixou de sofrer as ações do tempo, sentindo o cansaço de ter atravessado um século inteiro servindo a essa população este patrimônio entra no séc. XXl com o peso da idade e merecendo descanso.  Depois de sofrer uma avaria em um dos seus pilares chegou a funcionar em mão única e com rodízio de travessia, hoje já não suporta mais a turbulência dos carros e atende somente aos pedestres, ciclistas e motociclistas. Quando passar por esta maravilhosa construção, lembre-se você está literalmente andando sobre um de nossos patrimônios históricos.

Lairte Gomes
     

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Das teorias...

Vivemos no país das maravilhas, ou quem sabe das teorias. Teoricamente estamos em uma democracia, e que para a maioria significa “o governo do povo pelo povo”, em que o poder emana dos mesmos. Teoricamente, vivemos no país da democracia racial, em que teoricamente, não temos preconceito e discriminação por conta de cor de pele ou condição social. Por estarmos em uma democracia, podemos expressar nossas opiniões livremente. Vivemos em um país em que esta democracia nos propicia a escolha de nossos candidatos, que, teoricamente estão na política para nos representar. Teoricamente qualquer brasileiro pode ser candidato a um cargo eleitoral, ser eleito e se tornar um político de fato. Neste caso só não entendo por qual motivo todos os anos somente os mesmos políticos é que se sagram vencedores... Teoricamente Jader Barbalho, Silvio Lopes, Celso Pita, Fernando Collor, Antony Garotinho, Paulo Maluf, José Sarney, ACM, Bispo Rodrigues, Severino Cavalcanti, e uma infinidade de nomes que se eu fosse descrever aqui, iria parecer à lista telefônica da China. Mas a respeito destes nomes, estes são legítimos representantes de nosso povo, eleitos religiosamente em todos os pleitos disputados. Ah, e não podemos esquecer que teoricamente, a voz do povo é a voz de DEUS... Teoricamente escolheremos o próximo presidente da República no mês de outubro. Fico a me perguntar como é que conseguimos escolher entre quase 200 milhões de pessoas, apenas três ou quatro para votarmos para presidente...acho que estes candidatos já são vitoriosos, afinal eles já deixarão todos nós, os outros restantes dos 200 milhões não presidenciáveis.
Outra teoria muito divulgada em nosso país é a do fim da escravidão, que teria sido abolida em 1888. Se a maioria soubesse que o trabalho remunerado é muito mais barato que o escravo... Se soubessem o número de nordestinos escravizados em fazendas do Rio de Janeiro pertencentes a políticos de nossa respeitosa ALERJ...
Algumas teorias mais antigas dizem que “Tiradentes” foi um “herói”. Outras dizem que padres não praticam sexo... E que podemos confiar nossos filhos a estes dóceis e abençoados homens... Teoricamente, o papai Noel não existe, e o bicho papão também não...Outra interessante teoria é a que diz que perante a lei, somos todos iguais... Que nossa justiça está de olhos fechados e possui uma balança que não pende para nenhum lado... Teoricamente.  Teoricamente tudo o que acabo de escrever não faz sentido algum, não possui nenhuma relevância, e eu possivelmente devo ser louco. Mas isto é apenas uma teoria...

Alex Grijó, 29/06/10. 

A História dos municípios do Norte Fluminense.

Capitania de são Tomé

A capitania de são Tomé teve como seu primeiro donatário Pero de Góes, que conseguiu essa concessão em 26 de março de 1539. Sendo Pero de Góes fidalgo (filho de algo, ou alguém) muito honrado, cavaleiro experimentado, em suas andanças pela costa do Brasil, se afeiçoou com essas terras e pediu ao rei D. João que na repartição das capitanias lhe fizesse merecer de uma dessas.  Em um lugar chamado campo, entre a ponta de manguinhos e o rio managé, hoje rio Itabapoana, onde se encontra atualmente o município de São João da Barra, perto do retiro, se achavam vestígios de antiga povoação. Levantou-se ali uma engenhoca e uma capela dedicada a santa Catarina. Estava criada a vila rainha. Foi pioneiro em solo fluminense na plantação das primeiras mudas de cana-de-açúcar, trazidas de sua fazenda Madre de Deus, em São Vicente, pretendia ele com seu engenho movido a água produzir 2.000 arroubas de açúcar, conforme relatou em carta enviada ao seu sócio Martim Ferreira em Portugal, no ano de 1545. Foram levados para essa região cerca de 60 escravos, sendo estes os primeiros serviçais desta região, depois de insatisfatória experiência com os nativos.
            Viveu Pero durante dois anos pacificamente com os denominados selvagens, período em que com a contribuição dos índios construiu suas edificações. No entanto ao sofrer uma traição feita pelo comerciante Henrique Luiz que ao convidar o chefe dos goitacá para uma vista ao seu navio, fez deste seu prisioneiro e exigindo resgate que mesmo com o pagamento não livrou o pobre coitado de perecer nas mãos de tribos rivais na execução de rituais.[1] Com essa atitude insana, este negociante despertou a ira e a ferocidade dos nativos passando de colaboradores a inimigos mortais dos donatários que viu com o passar dos tempos seus sonhos ruírem ao sofrerem constantes ataques indígenas. Sendo assim bateu em retirada com seus malfadados colonos, abandonando sua empresa e tudo que tinha investido e planejado, e com a colaboração de seu sócio fugiu para o Espírito Santo. Tendo gasto tudo que possuía e muitas riquezas de seu sócio, Pero encontrava-se arruinado e desgostoso, aproveitou então a ajuda de Vasco Coutinho donatário da capitania do Espírito Santo que lhe cedeu algumas embarcações para voltar para Lisboa por volta de 1546.
            Com o abandono dessas terras tomaram conta da povoação alguns criminosos e escravos fugitivos de capitanias vizinhas tendo esses o apoio e a proteção dos índios locais.[2]
            Posteriormente Gil de Góes sucessor e filho de Pero obteve a confirmação que esta capitania era sua por direito, e com seu sócio João Gomes Leitão tentou reergue-la do abatimento, vindo a fazer na mesma lavouras, mas isso não durou muito e Gil não suportando aos incessantes ataques dos índios, também a abandonou. Com o falecimento do então donatário a capitania foi incorporada à coroa em 1619.
            Sendo estas vastas e vigorosas terras desprezadas por seus antigos donos, em 19 de agosto 1627 foi feita pelo então governador do Rio de Janeiro Martin de Sá uma doação da carta de sesmarias aos sete capitães, os chamados futuramente “heréus”.  Eram eles: Gonçalo Correa, Duarte Correa, Miguel Ayres Maldonado, Antonio Pinto, João de Castilho, Manoel Correa e Miguel Riscado, por terem prestados relevantes serviços a coroa atuando em guerras e ajundando na conquista das capitanias. Esses sete capitães deveriam dividir entre si estas sesmarias pertecente agora a capitania da Paraíba do sul que ia do rio Macaé até o rio iguassu hoje Açu, que estava além do cabo de São Tomé para o norte. Fazia parte tudo que estava entre os dois rios e se alastrando para o sertão até o cume da serra, porém só em 19 de abril de 1629 os novos fazendeiros tomaram posse dessas sesmarias, combinado entre si a exploração e a divisão dessas promissoras terras.
            Depois de concedida as sesmarias partiram os sete capitães para o reconhecimento da sua nova propriedade e os primeiros contatos com os povos ali existentes. Alugando uma sumaca em cabo frio, saíram com destino a Macaé, chegando nesta localidade em 11 de dezembro de 1632, vieram dispostos e armados pois a noticia que corria era que nesta região haviam índios ferozes, mas ficaram sabendo que estas tribos mais resistentes e que teriam colocados seus dois antigos donatários para correr ficava mais ao norte, esta informação deixaram-lhes mais tranqüilos e animados.
            Desembarcando em Macaé encontraram uma pequena povoação amigável e que tinha uma certa organização e até um governante que lhes indagou quem eram e o que faziam ali. Informando ao administrador local quem eram e o que faziam, o mesmo se fez prestativo no que precisassem passando informações sobre as aldeias indígenas ao redor.
            Feito então o primeiro contato saíram em busca de reconhecimento das terras, onde entraram em contato os índios que ao receberem de arco em punho, logo foram informado por um guia que foi cedido pelo governante de quem eram e o que pretendiam, sendo assim os índios abaixaram as armas e os saldaram de forma amigável. Depois destas novas andanças os novos proprietários começaram as suas empreitadas, levantando com seus herdeiros currais e com toda aquela abundância de pastos não demorou muito começarem a colher os frutos da multiplicação dos bens ali empregados, chegando em curto prazo a exportar produtos para o Rio de Janeiro.
            Com toda essa prosperidade e as narrativas dos fazendeiros sobre os costumes indígenas despertou o interesse de ordens religiosas como os jesuítas, beneditinos e carmelitas. Com a ajuda do general salvador Correa de Sá e Benevides e a ausência de alguns dos sete capitães vão fazer parte desses campos de delícia.
            Em 1674 numa transação um pouca confusa o general Salvador Correa de Sá consegue a doação da capitania para seus filhos Martim Correa de Sá e João Correa de Sá. Começava aí o domínio dos assecas por quase cem anos, quando em 1753 tendo como líder uma mulher chamada Benta Pereira, voltava a capitania para a coroa, sendo incorporada a capitania do espírito santo.


Lairte Gomes.


[1] LAMEGO, Alberto. Terra goitacá, 1944. Vol.2 p 66
[2] FEYDIT Julio. Subsídios para a história dos campos dos Goytacazes,