domingo, 24 de outubro de 2010

Patrimônio histórico

    

Da barca pêndula a ponte de ferro



      Construída no séc. XlX para facilitar a vida dos moradores de campos dos goitacazes na travessia do rio Paraíba do sul, a ponte João Barcelos Martins foi durante muito tempo a única ligação entre os dois lados da cidade. Antes é claro poderia se fazer esta passagem de barco, o que era bem mais perigoso e demorado. A ponte foi um sinal de avanço para nosso povo fazendo o intercambio entre Santo Antonio dos Guarulhos (Guarus) e o centro.
      A idéia de fazer uma ponte era cultivada nos pensamentos de nossos antepassados e em 1846, mais precisamente em 2 de julho, iniciou-se o funcionamento da nossa primeira ponte, que se chamava ponte volante. Tratava se da composição de duas barcas ligadas por vigas e com assoalhos de madeiras. Havia também separações por grades para carros e animais não se juntarem com os passageiros a pé. Essa foi uma de nossas primeiras evoluções na travessia deste rio que corta nossa cidade. Essa ponte-volante ou barca pendula como também era conhecida tinha como proprietário o vice-cônsul Francês em Campos, o Sr. Julio Lambert que cobrava pelos seus serviços de travessias.
      Era aspiração do vereador Narciso Bittencourt de construir uma ponte em frente à cidade desde 1830. Projeto que só deu inicio em 1837, quando trataram de formar uma companhia para construir uma ponte de pedra sobre o rio. Depois de juntarem material dos dois lados e de várias tentativas frustradas, caíram em desanimo ao ver a obra sem efeito e em 1858 trataram de liquidar a empresa e ficaram somente com as dívidas.
      Em 25 de outubro de 1869 é que realmente vai se iniciar os tramites legais para a construção da ponte de ferro, através do Sr. Thomas Dutton Junior que celebrou o contrato para a obra e arrendamento da mesma sobre as águas do nosso rio. Com 4,57m para trânsito de carros mais 1,06m nas laterais para pedestres e 253m de comprimento, foi construída em cima de pilares de ferro fundido de forma cilíndrica e cheios de concreto cravados no leito do rio. Inaugurada em 5 de abril de 1873, foi experimenta e aprovada pela sua resistência e capacidade, começava então a facilidade das pessoas que queriam se deslocar de um lado para o outro da cidade.
      Chamada também de ponte de pau por seu assoalho ser de madeira, em 1959 volta a ser reinaugurada agora com pavimentação de cimento e se chamando ponte Dr. João Barcelos Martins em homenagem ao então prefeito que realizou esta obra de modificação estrutural. Em final de mandato o político entregou a obra em 25 de janeiro já que no dia 31 assumia o cargo José Alves de Azevedo.
      Sendo o principal elo de um lado a outro até 1952 quando foi inaugurada a ponte General Dutra, não deixou de sofrer as ações do tempo, sentindo o cansaço de ter atravessado um século inteiro servindo a essa população este patrimônio entra no séc. XXl com o peso da idade e merecendo descanso.  Depois de sofrer uma avaria em um dos seus pilares chegou a funcionar em mão única e com rodízio de travessia, hoje já não suporta mais a turbulência dos carros e atende somente aos pedestres, ciclistas e motociclistas. Quando passar por esta maravilhosa construção, lembre-se você está literalmente andando sobre um de nossos patrimônios históricos.

Lairte Gomes
     

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