quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A História dos municípios do Norte Fluminense.

Capitania de são Tomé

A capitania de são Tomé teve como seu primeiro donatário Pero de Góes, que conseguiu essa concessão em 26 de março de 1539. Sendo Pero de Góes fidalgo (filho de algo, ou alguém) muito honrado, cavaleiro experimentado, em suas andanças pela costa do Brasil, se afeiçoou com essas terras e pediu ao rei D. João que na repartição das capitanias lhe fizesse merecer de uma dessas.  Em um lugar chamado campo, entre a ponta de manguinhos e o rio managé, hoje rio Itabapoana, onde se encontra atualmente o município de São João da Barra, perto do retiro, se achavam vestígios de antiga povoação. Levantou-se ali uma engenhoca e uma capela dedicada a santa Catarina. Estava criada a vila rainha. Foi pioneiro em solo fluminense na plantação das primeiras mudas de cana-de-açúcar, trazidas de sua fazenda Madre de Deus, em São Vicente, pretendia ele com seu engenho movido a água produzir 2.000 arroubas de açúcar, conforme relatou em carta enviada ao seu sócio Martim Ferreira em Portugal, no ano de 1545. Foram levados para essa região cerca de 60 escravos, sendo estes os primeiros serviçais desta região, depois de insatisfatória experiência com os nativos.
            Viveu Pero durante dois anos pacificamente com os denominados selvagens, período em que com a contribuição dos índios construiu suas edificações. No entanto ao sofrer uma traição feita pelo comerciante Henrique Luiz que ao convidar o chefe dos goitacá para uma vista ao seu navio, fez deste seu prisioneiro e exigindo resgate que mesmo com o pagamento não livrou o pobre coitado de perecer nas mãos de tribos rivais na execução de rituais.[1] Com essa atitude insana, este negociante despertou a ira e a ferocidade dos nativos passando de colaboradores a inimigos mortais dos donatários que viu com o passar dos tempos seus sonhos ruírem ao sofrerem constantes ataques indígenas. Sendo assim bateu em retirada com seus malfadados colonos, abandonando sua empresa e tudo que tinha investido e planejado, e com a colaboração de seu sócio fugiu para o Espírito Santo. Tendo gasto tudo que possuía e muitas riquezas de seu sócio, Pero encontrava-se arruinado e desgostoso, aproveitou então a ajuda de Vasco Coutinho donatário da capitania do Espírito Santo que lhe cedeu algumas embarcações para voltar para Lisboa por volta de 1546.
            Com o abandono dessas terras tomaram conta da povoação alguns criminosos e escravos fugitivos de capitanias vizinhas tendo esses o apoio e a proteção dos índios locais.[2]
            Posteriormente Gil de Góes sucessor e filho de Pero obteve a confirmação que esta capitania era sua por direito, e com seu sócio João Gomes Leitão tentou reergue-la do abatimento, vindo a fazer na mesma lavouras, mas isso não durou muito e Gil não suportando aos incessantes ataques dos índios, também a abandonou. Com o falecimento do então donatário a capitania foi incorporada à coroa em 1619.
            Sendo estas vastas e vigorosas terras desprezadas por seus antigos donos, em 19 de agosto 1627 foi feita pelo então governador do Rio de Janeiro Martin de Sá uma doação da carta de sesmarias aos sete capitães, os chamados futuramente “heréus”.  Eram eles: Gonçalo Correa, Duarte Correa, Miguel Ayres Maldonado, Antonio Pinto, João de Castilho, Manoel Correa e Miguel Riscado, por terem prestados relevantes serviços a coroa atuando em guerras e ajundando na conquista das capitanias. Esses sete capitães deveriam dividir entre si estas sesmarias pertecente agora a capitania da Paraíba do sul que ia do rio Macaé até o rio iguassu hoje Açu, que estava além do cabo de São Tomé para o norte. Fazia parte tudo que estava entre os dois rios e se alastrando para o sertão até o cume da serra, porém só em 19 de abril de 1629 os novos fazendeiros tomaram posse dessas sesmarias, combinado entre si a exploração e a divisão dessas promissoras terras.
            Depois de concedida as sesmarias partiram os sete capitães para o reconhecimento da sua nova propriedade e os primeiros contatos com os povos ali existentes. Alugando uma sumaca em cabo frio, saíram com destino a Macaé, chegando nesta localidade em 11 de dezembro de 1632, vieram dispostos e armados pois a noticia que corria era que nesta região haviam índios ferozes, mas ficaram sabendo que estas tribos mais resistentes e que teriam colocados seus dois antigos donatários para correr ficava mais ao norte, esta informação deixaram-lhes mais tranqüilos e animados.
            Desembarcando em Macaé encontraram uma pequena povoação amigável e que tinha uma certa organização e até um governante que lhes indagou quem eram e o que faziam ali. Informando ao administrador local quem eram e o que faziam, o mesmo se fez prestativo no que precisassem passando informações sobre as aldeias indígenas ao redor.
            Feito então o primeiro contato saíram em busca de reconhecimento das terras, onde entraram em contato os índios que ao receberem de arco em punho, logo foram informado por um guia que foi cedido pelo governante de quem eram e o que pretendiam, sendo assim os índios abaixaram as armas e os saldaram de forma amigável. Depois destas novas andanças os novos proprietários começaram as suas empreitadas, levantando com seus herdeiros currais e com toda aquela abundância de pastos não demorou muito começarem a colher os frutos da multiplicação dos bens ali empregados, chegando em curto prazo a exportar produtos para o Rio de Janeiro.
            Com toda essa prosperidade e as narrativas dos fazendeiros sobre os costumes indígenas despertou o interesse de ordens religiosas como os jesuítas, beneditinos e carmelitas. Com a ajuda do general salvador Correa de Sá e Benevides e a ausência de alguns dos sete capitães vão fazer parte desses campos de delícia.
            Em 1674 numa transação um pouca confusa o general Salvador Correa de Sá consegue a doação da capitania para seus filhos Martim Correa de Sá e João Correa de Sá. Começava aí o domínio dos assecas por quase cem anos, quando em 1753 tendo como líder uma mulher chamada Benta Pereira, voltava a capitania para a coroa, sendo incorporada a capitania do espírito santo.


Lairte Gomes.


[1] LAMEGO, Alberto. Terra goitacá, 1944. Vol.2 p 66
[2] FEYDIT Julio. Subsídios para a história dos campos dos Goytacazes, 

Um comentário:

  1. Exelente ne? Mais em meio uma história tão interessante,estes são realmente os nomes mais populares envolvidos? pois sabemos que quanto mais populares mais se traz a história para perto de sí,a pesquiza é própria? um abraço

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