sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O INÍCIO DO SÉCULO XX EM UMA MACAÉ ADOECIDA...



 
O MUNICÍPIO DE MACAÉ AO ADENTRAR NO SÉCULO XX PASSA A ENFRENTAR UM SURTO DE DOENÇAS E ALGUNS PROBLEMAS POLÍTICOS QUE PERDURARAM POR  BOM TEMPO.COM SUA ECONOMIA ESTAGNADA, AINDA SENTINDO A FALTA DE BRAÇOS PARA SUAS LAVOURAS, O MUNICÍPIO SOFRERÁ E NÃO IRÁ LEMBRAR OS TEMPOS ÁUREOS DOS CICLOS DO AÇUCAR E DO CAFÉ NÃO TÃO DISTANTES ASSIM NO TEMPO. NA QUESTÃO POLÍTICA HOUVE CERTA RESISTÊNCIA A INSTALAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL CRIADA PELO GOVERNADOR ALFREDO BACKER EM FEVEREIRO DE 1910. O HISTORIADOR PAULO KNAUSS REVELA QUE AS “CÂMARAS MUNICIPAIS FORAM AS INSTITUIÇÕES GERAIS DA SOCIEDADE LOCAL, REUNINDO LEGISLATIVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO NA MESMA CASA”. (KNAUSS, 2011, p.26) A CRIAÇÃO DA PREFEITURA PODERIA ESTAR TRAZENDO UMA DIVISÃO DESTE PODER OU COISA PIOR. O GOVERNO ESTADUAL INDICOU O SENHOR SILVA MARQUES PARA O CARGO DE PREFEITO, FATO ESTE QUE OS VEREADORES LOCAIS NÃO ACEITARAM. SILVA MARQUES ERA NITEROIENSE E NÃO MACAENSE. POR POUCO NÃO TIVEMOS UM CONFLITO ARMADO POR CONTA DESTA NÃO ACEITAÇÃO. KNAUSS NOS DIZ QUE
“A RIGOR, AS MUDANÇAS INSTITUCIONAIS DO NOVO REGIME SÓ SE FIRMARAM APÓS A PROMULGAÇÃO DA NOVA CONSTITUIÇÃO DE 1891, ALTERANDO TAMBÉM O CARÁTER POLÍTICO DAS INSTITUIÇÕES MUNICIPAIS. NESSE CASO É PRECISO MENCIONAR QUE NEM SEMPRE AS DECISÕES DA ESFERA NACIONAL FORAM ABSORVIDAS COM FACILIDADE PELOS PODERES LOCAIS. É ASSIM QUE EM MACAÉ, A CÂMARA MUNICIPAL CONTINUOU SENDO O CENTRO DO PODER POLÍTICO LOCAL ATÉ 1910, QUANDO DA CRIAÇÃO DA PREFEITURA. MAS O PRIMEIRO PREFEITO DA CIDADE SÓ TOMARIA POSSE EM 1913. ESSA DEMORA REVELA QUE A RESISTÊNCIA LOCAL EM DIVIDIR OS PODERES SE TRADUZIA NUMA OPOSIÇÃO DE REGIMES POLÍTICOS – ENTRE A MONARQUIA E A REPÚBLICA.” (KNAUSS, 2011, P.26)
 AINDA NÃO POSSUO TODAS AS INFORMAÇÕES E MINÚCIAS A RESPEITO DESTE CONFLITO POLÍTICO. O FATO É QUE O EMBROGLIO SÓ SE RESOLVEU TRÊS ANOS DEPOIS COM A POSSE DO ENGENHEIRO MOREIRA NETTO. DAS OBRAS DESTE PREFEITO AINDA É POSSÍVEL VIZUALIZAR O CORETO DA PRAÇA VERÍSSIMO DE MELO, INAUGURADO EM 1914 E DO OBELISCO E DO CHAFARIZ EM COMEMORAÇÃO AO CENTENÁRIO DO MUNICÍPIO, OCORRIDO NO ANO DE SUA POSSE, EM 1913.
A RESPEITO DA ESTAGNAÇÃO E QUEDA NA ECONOMIA DA CIDADE, O GRANDE PROFESSOR E MEMORIALISTA MACAENSE ANTÔNIO ALVAREZ PARADA AFIRMA EM SEU LIVRO “HISTÓRIAS CURTAS E ANTIGAS DE MACAÉ”  QUE “O DESENVOLVIMENTO DOS ANOS 70 E 80 DO SÉCULO ANTERIOR JÁ ESTAGNARA – EM MUITOS PONTOS REGREDIRA – EM SUA ÚLTIMA DÉCADA”.
ALÉM DA ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA, O MUNICÍPIO FOI UM DOS QUE MAIS SOFREU COM SURTOS DE MALÁRIA, PRINCIPALMENTE, SEGUNDO PARADA, POR CONTA DE DESLEIXOS ADMINISTRATIVOS.
O NOVO SÉCULO A NÓS CHEGOU COM TRÊS FATORES GERALMENTE INDICADOS COMO RESPONSÁVEIS POR TAL ESTADO DE COISAS: A ABOLIÇÃO DO BRAÇO ESCRAVO, AS LUTAS POLÍTICAS INTERNAS E A MALÁRIA. ESTA ÚLTIMA ALIÁS, SEMPRE MARCARA NEFASTA PRESENÇA, NÃO SÓ EM MACAÉ COMO EM PRATICAMENTE TODO O ESTADO DO RIO DE JANEIRO. ENTRE NÓS, TODAVIA, TIVERA RECRUDESCIMENTO COM O DESLEIXO NA LIMPEZA DO CURSO DAS MARGENS DOS CÓRREGOS TÃO COMUNS EM NOSSO TERRITÓRIO. VERDADEIRA PRAGA NA REGIÃO, A MALÁRIA OU O IMPALUDISMO PODIA TER SUA IMPORTÂNCIA AVALIADA, ENTRE OUTRAS FORMAS ATRAVÉS DOS NÚMEROS”. (PARADA, 1995, PP.38)
DE ACORDO COM ALVAREZ PARADA NO ANO DE 1923, REGISTROS DA CASA DE CARIDADE DE MACAÉ REVELAM QUE 21% DOS ATENDIMENTOS DESTA CASA EM SEUS 50 ANOS DE EXISTÊNCIA A ÉPOCA, TERIAM SIDO DE CASOS DE MALÁRIA. POR CONTA DO ALTO ÍNDICE DESTA DOENÇA NÃO APENAS EM MACAÉ, MAS TAMBÉM NO ESTADO, O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO RESOLVEU CONTRATAR A FUNDAÇÃO ROCKFELLER PARA EFETUAR SERVIÇOS DE LIMPEZA E DRAGAGEM NO ESTADO.  A REFERIDA FUNDAÇÃO PERMANECEU EM MACAÉ POR CINCO ANOS EFETUANDO SEUS TRABALHOS, E QUE SEGUNDO ALVAREZ PARADA “OBTEVE ÓTIMOS RESULTADOS NO CONTROLE DA DOENÇA”.
SURTOS DE DOENÇAS FORAM COMO ALGUNS RELATOS INDICAM, UM SÉRIO PROBLEMA PARA O MUNICÍPIO DE MACAÉ. ALÉM DA JÁ CITADA MALÁRIA, NO FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX, A HANSENÍASE, OU LEPRA COMO ERA CONHECIDA, TAMBÉM ALARMOU AS AUTORIDADES LOCAIS. CONSTRUIU-SE INCLUSIVE UM HOSPITAL E CEMITÉRIO PARA ATENDER AOS DOENTES NA CIDADE. SEGUNDO ARMANDO BORGES EM SEU LIVRO “HISTÓRIA E LENDAS DE MACAÉ”, TANTO O CEMITÉRIO QUANTO O HOSPITAL FORAM CONSTRUÍDOS NO LOCAL CONHECIDO COMO MORRO DO LAZARETO, LOCALIZADO NO BAIRRO BOTAFOGO, PRÓXIMO AO BAIRRO AROEIRA. NO ALTO DO MORRO ESTARIA O CEMITÉRIO DOS LEPROSOS. (BORGES, 2005, p.118) O LOCAL HOJE ESTÁ TOTALMENTE TOMADO DE CASAS E JÁ NÃO DEVE HAVER VESTÍGIOS DESTE NEBULOSO E TRISTE PASSADO. ALÉM DESTAS DUAS DOENÇAS, A VARÍOLA TAMBÉM TERIA PROVOCADO ESTRAGOS NA CIDADE. AS VÍTIMAS DESTA OUTRA DOENÇA ERAM ENVIADAS PARA O MESMO HOSPITAL DO LAZARETO. ALÉM DESTAS DOENÇAS AINDA TIVEMOS MUITOS PROBLEMAS COM SURTOS DE FEBRE AMARELA. PARA UMA PEQUENA E PACATA CIDADE DO INTERIOR EM UM SÉCULO EM QUE A CIÊNCIA AINDA CAMINHAVA NA BUSCA DA CURA DE MUITAS ENFERMIDADES, OS PRIMEIROS ANOS DESTE SÉCULO MACAENSE NÃO FORAM NADA FELIZES...
BIBLIOGRAFIA.
AMANTINO, MÁRCIA E OUTROS AUTORES. POVOAMENTO, CATOLICISMO E ESCRAVIDÃO NA ANTIGA MACAÉ. RIO DE JANEIRO, APICURI, 2011.
BORGES, ARMANDO. HISTÓRIAS E LENDAS DE MACAÉ. ITAPERUNA, DAMADÁ ARTES GRÁFICAS, 2005.
PARADA, ANTÔNIO ALVAREZ. HISTÓRIAS CURTAS E ANTIGAS DE MACAÉ. RIO DE JANEIRO, ARTES GRÁFICAS, 1995.
 
 

 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA REBELDIA NEGRA...


      O Brasil foi um dos primeiros países americanos a conhecer a escravidão e o último a aboli-la.[1] Durante quase quatrocentos anos, indígenas, e posteriormente negros africanos, foram utilizados como instrumentos de produção de riquezas, através da exploração de sua força e energia. Segundo Emilia Viotti, a escravização do homem negro africano foi à fórmula encontrada pelos europeus para a colonização do novo mundo.[2] No caso do Brasil, constituído como um apêndice da metrópole portuguesa, incorporado ao novo circuito econômico como uma economia voltada para a agro-exportação, era preciso atender a demanda daqueles que para cá vieram se instalar e produzir gêneros variados, além de explorar os recursos existentes. Para isto, fazia-se necessário um vultoso contingente de braços para o trabalho nas lavouras, que de acordo com Florestan Fernandes seria utilizado como uma modalidade de energia que podia ser concentrada e utilizada intensivamente através da organização social do trabalho escravo como se o organismo humano fosse uma máquina.[3]                       

Não se sabe ao certo, várias são as estimativas, mas calcula-se que tenham entrado em nosso território algo entre três e cinco milhões de pessoas vindas de muitas regiões do continente africano, fato que ficou conhecido como “diáspora africana”, e que acabará por produzir uma simbiose de culturas em nosso país.[4] Deve-se enfatizar que não foram “africanos” que vieram para a América, mas sim diversos povos de um imenso continente chamado África, com diferenciações extremas entre si, e por isto não é possível generalizá-los como africanos de um modo geral. Também devido a isto, a escravidão no Brasil não pode ser vista como um fato homogêneo, que teria ocorrido da mesma forma em todo o tempo histórico e em todas as regiões em que se estabeleceu, e sim como um fenômeno multifacetado, em que várias adequações e particularidades tiveram espaço. Da mesma forma o homem e a mulher africana não podem ser vistos como tem sido, ora como “herói”, que luta, comanda revoltas, desafia seu senhor e cria seus ajuntamentos chamados quilombos, e muito menos como o conhecido “preto velho”, ou a “mãe preta” subservientes, passivos e obedientes a todas as ordens de seus senhores. É claro que ambos os sujeitos existiram e coexistiram. Mas estes estereótipos não apresentam o período e seus atores de forma clara. Autores como Fernando Henrique Cardoso e Jacob Gorender escreveram trabalhos em que defendiam teses em que o escravo era colocado e se via propriamente como “coisa”.[5] Um fato que pode ir contra tais preposições e que se pode entender como uma demonstração onde os negros não estavam tão passivos assim, e nem se posicionando como “coisas”, fora a criação da lei nº4 de 10 de junho de 1835, que determinava a punição de todo escravo que viesse a atentar contra a vida de seu senhor com a pena de morte.[6] Tal lei só poderia ter sido editada devido à forte luta dos escravos por sua liberdade, acabando por atentar contra a vida de seu senhor. Enfatizo que no momento da criação de tal lei, os abolicionistas e todas as vozes que se voltaram contra o nefasto regime ainda não se faziam ouvir.

 Estudos produzidos principalmente a partir da década de 1970, como os de Ciro Cardoso, Kátia Matoso, Flávio Gomes, Robert Slenes e Sidney Chalhoub têm mostrado um universo muito mais complexo que aquele descrito e estudado por vários Historiadores anteriores a este período. Sheila de Castro Faria em “A Colônia em movimento” ao analisar a história das famílias, a dinâmica de áreas rurais e a expansão das atividades econômicas, relata que nestes estudos os negros vêm surgindo como agentes históricos, mesmo que com certo desprestígio.[7]

 Estes autores concordam que não é mais possível imaginar o período da escravidão com o homem negro preso a correntes e vigiado o tempo inteiro, mesmo sabendo que este fato ocorreu, e que o homem negro fora alvo de inúmeras atrocidades cometidas ao longo da maior parte de nossa História. A violência do regime não pode ser contestada. A questão é que não tivemos apenas estes fatos. Como bem observa Chalhoub quando relata que a “violência da escravidão não transformava os negros em seres incapazes de ação autonômica, nem em passivos receptores de valores senhoriais, tampouco em rebeldes valorosos e indomáveis.[8]

 Em recentes pesquisas, dentre estas as de Chalhoub, emerge uma nova visão do comportamento escravo e da rebeldia e posicionamento dos mesmos diante das adversidades. Estes estudos têm demonstrado que estas resistências devem ser entendidas não como “passivas”, mas sim como “uma das faces das complexas lutas vivenciadas pelos escravos e que de acordo com Flávio Gomes passou a haver uma contestação das concepções que viam as relações senhor/escravo marcadas tão somente por uma visão paternalista da escravidão. [9] Há uma maior ênfase na descrição dos quilombos e seus líderes de caráter revolucionário com maior consciência de suas ações, além da análise de outras formas de resistência, como determinadas negociações buscando melhorias em sua vida cotidiana, que até então foram descritas como passivas e de caráter histórico desmerecido e que tinha como contraponto a reelaboração permanente das relações com seus senhores”.[10]

O que se pode entender destas formas de resistência, é que através delas, os escravos buscavam se reconstituir como pessoas, alterando, modificando e adequando a dominação senhorial na tentativa de reconstruírem suas vidas. Trata-se de novos meios para enfrentar o sistema, que não se limitou a insurgências e fugas. Gomes relata, por exemplo, que negros escravos no Caribe estavam muito bem informados a respeito das discussões no parlamento inglês,e tentavam na medida do possível, tirar proveito de tal situação, a partir de suas próprias lógicas”.[11]

Outra ideia difundida e muito questionada, e que tem na obra de Gilberto Freire, “Casagrande e senzala” sua principal argumentação, é a da ideia de paternalismo e benignidade da escravidão, com uma relação muito próxima, e muitas vezes promíscua entre senhor/escravo. Tal visão tem sido alvo de inúmeras críticas nos anos que sucederam a sua publicação (1930), provocando vários debates. Podemos afirmar que as pesquisas dos autores citados anteriormente não demonstram tal paternalismo. Estas pesquisas citadas buscam dar voz a estas pessoas escravizadas, apreendendo discursos e argumentos para compreender sua percepção diante do cativeiro. Chalhoub acrescenta que

 

o mito do caráter benevolente ou não violento da escravidão no Brasil já foi sobejamente demolido pela produção acadêmica das décadas de 1960 e 1970 e, no momento em que escrevo, não vejo no horizonte ninguém minimamente competente no assunto que queira argumentar o contrário. [12]

 

 Não é pretensão deste trabalho aprofundar-se nesta questão. E sim apresentar aspectos pouco conhecidos de um período ainda obscuro para a maioria dos brasileiros sobre a escravidão brasileira. Trata-se da tentativa de discussão a respeito do posicionamento do negro perante o cativeiro, uma análise que tentará mostrar as ambiguidades do sistema escravista brasileiro e que o caráter paternalista e benevolente, muito questionado nas últimas décadas, não seria definidor da relação senhor e escravo.  Entendo que para que possamos ter uma visão ampla do assunto, nos seria necessário “ouvir” todos os lados da questão, não apenas consultando documentos de época, ou os textos produzidos por senhores escravocratas, ou por autores impregnados com o pensamento de seu tempo, mas também os produzidos pelos escravizados. Sabemos que se torna difícil tal análise tendo em vista que a praticamente a totalidade dos escravizados estava à margem da sociedade e a estes era negado qualquer tipo de direito, e o letramento estava entre estes. Para se ter um ideia, a proporção de escravos que foram alfabetizados no século XIX ficava em torno de um para cada mil.[13] É sabido que em nossa História, educação foi, e tem sido algo reservado aos homens mais bem situados da sociedade, e nos períodos de colônia e império era destinado aos chamados homens “bons”. Logo, a produção de textos pelos escravizados é algo muito difícil de ser encontrado. Mas como acabo de dizer, difícil, e não inexistente. Um em especial, e que irei apresentar, é o tratado proposto por escravos do engenho de Santana em Ilhéus, no estado da Bahia no ano de 1789.[14] Neste tratado fantástico, escravos negociam, fazem imposições, delimitam seu terreno, se diferenciam entre si, apresentando uma proposta de como se poderia conseguir a “paz” entre os dois grupos divergentes (senhor/escravo) dentro do mesmo espaço de convivência. Trata-se de um claro exemplo em que podemos visualizar os escravizados não se colocando como passivos ou indolentes, mas buscando inúmeras estratégias, articulando, tramando, readaptando-se a novas formas de convivência, buscando produzir um novo ambiente, uma nova forma de relacionamento entre “opostos”, ora transgredindo, ora cedendo, buscando resguardar tradições, cultos e acima de tudo, a própria sobrevivência. Dentre as reivindicações, estava a que visava conseguir um pedaço de terra para poderem plantar em proveito próprio e comercializar sua produção. Esta reivindicação de um lote de terra para plantar em proveito próprio e obterem lucros, ficou conhecida como “brecha camponesa”, que se constituía em uma economia própria dos escravizados, em que podiam plantar suas roças e venderem seu excedente, e através disto obter uma série de benefícios, não apenas para os mesmos, mas também para seus senhores.[15] Gomes diz que a questão foi comum no Brasil, e que além de terras, escravos tinham o costume de possuir gado.[16]



[1] MAESTRI, Mário. O escravismo colonial/São Paulo: Atual, 1994, pp.5.
[2][2] VIOTTI, Emília. História Geral da Civilização Brasileira. Tomo II – O Brasil monárquico, Bertrand Brasil, 2004, pp.135.
[3] IANNI, Octavio. Florestan Fernandes/ – 1ªedição, São Paulo: Ática, 2008, pp.230.
[4] Clóvis Moura nos diz que na América, o Brasil foi o país que teve a maior percentagem de escravos desembarcados. Segundo Décio Freitas, importamos cerca de 40% do total de 9.500.000 negros (segundo suas estimativas) transportados para o novo mundo entre os séculos XVI E XIX. Para maiores esclarecimentos ver: MOURA, Clóvis. Quilombos. São Paulo: Ática, 1993, pp.7.
[5]Para Gorender” o primeiro ato humano do escravo é o crime, desde o atentado contra seu senhor á fuga do cativeiro. ”Já F.H.C. dizia que “embora fosse capaz de empreender ações humanas, exprimia, na própria consciência e nos atos que praticava orientações e significações sociais impostas pelos senhores.” Apud: CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.p.38-42. 
[6] [6] Lei nº4 de 10 de junho de 1835. In: WWW.planalto.gov.br acessado em14 de agosto de 2010.
[7] FARIA, Sheila de Castro. A colônia em movimento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.pp.290.
[8] CHALHOUB, Sidney. Op.cit, pp.43.
[9] GOMES, Flávio dos Santos. Histórias de quilombolas: Mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro, século XIX. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1995,pp.17-19.
[10] Idem, pp.30-31.
[11] Ibdem, pp.17.
[12] CHALHOUB, Sidney. Op.cit. p.35.
[13] REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência escrava no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, pp.16.
[14] Tratado proposto a Manoel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que estiveram aquilombados. Este documento foi publicado por Stuart Schwartz em “Escravos, roceiros e rebeldes”, EDUSC, 2001, pp.119-121.
[15] CARDOSO, Ciro Flamarion S. Escravo ou camponês? : o protocampesinato negro nas Américas. – São Paulo: Brasiliense, 2004, p.73.
[16] GOMES, Flávio. Op.cit, p.67.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Os Henriques e os camarões de Macaé...





       É sabido que por volta do ano de 1630 os padres da Companhia de Jesus se estabeleceram  no que hoje é o município de Macaé, se instalando na localidade onde hoje se encontra o morro de Santana e o bairro Aroeira. Alí eles estabeleceram currais para receberem gado que estivessem vindo dos Campos dos Goitacases. No fim deste século 17, e início do 18 estes religiosos irão construir engenhos para a produção do tão valioso açúcar. Os engenhos serão construidos um no bairro Aroeira, aos pés de morro de santana, e o outro as margens da lagoa de Imboassica na hoje divisa com o município de Rio das Ostras. Segundo a Historiadora Márcia Amantino "ainda que a justificativa dos inacianos para a solicitação de terras tenha sido a necessidade de estabelecer os indígenas, isto não se concretizou". A fazenda e seus engenhos eram tocados por escravos africanos, e não escravos indígenas. Não houve aldeamento índigena nas proximidades do litoral de Macaé iniciado pelos jesuítas. Diferentemente de Macaé, em Campos dos Goitacases os padres chegaram a aldear indígenas.
        Manuel Martins do Couto Reis em seus mauscritos de 1785, descreve a região norte fluminense em seus pormenores e relata um pouco do que viveu e da atuação dos soldados de cristo na região e de seu trato com os povos autóctones. Couto Reis mesmo sendo um admirador da ordem jesuitica teceu alguns comentários negativos a respeito dos mesmos e de sua relação com os africanos e indígenas. Sobre a escravidão praticada pelos religiosos em Campos dizia ele:
                 
                            “Nada poderá haver de mais sensível à vida humana, que a triste condição do cativeiro, e em consequência deste, mal pode um coração viver tranquilo, por mais agrados, que receba de benigno senhor; pois basta a lembrança da perdida liberdade, para serem as mortificações continuadas.

E  continuava ,
                                estes padres tão versados em ardis, com manha inexplicável, reduziram muitos índios, e os aldeavam, depois de instruídos na doutrina cristã; nada mais faziam a benefício, que se utilizassem dos serviços em que o empregavam, tratando os como seus escravos. Quem tem completo conhecimento do espírito jesuítico, muito bem sabe que tinham por um princípio, e ponto de política ocultarem aquela gente tudo, que era ciência, e artes mais sublimes a fim de que com maiores noções, não viessem a aspirar uma vida mais honrosa, e civilizada; por que em tal caso decairia a sujeição, e se acabaria o império que dominavam”.
 
 O aldeamento mais conhecido na região do hoje município de Macaé foi realizado pelo padre secular Antônio Vaz Pereira, que no ano de 1747 criou um aldeamento na região de Nossa senhora das Neves, no sertão do rio Macaé.
Voltando aos padre jesuitas, há um fato interessante a respeito de sua conduta na região perante os poucos habitantes que por aqui já viviam nos séculos 17 e 18. Márcia Amantino em artigo publicado no livro "Povoamento, catolicismo e escravidão na antiga Macaé", nos apresenta um exposição feita pelo presbítero Vaz Pereira ao Rei de Portugal em 1757 em que o religioso apresenta algumas queixas a respeito do comportamento dos jesuitas. Diz Pereira que poderia ter feito muito mais pelos indígenas, não fosse a atuação em contrário por parte dos inacianos, que tratavam os indígenas com muita violência, escravizando-os sem nada lhes dar em troca..."Afirmava que o padre José dos Reis, feitor da fazenda dos jesuitas, praticava abusos contra a população da região. Mandava bater naqueles que não obedeciam as ordens, ateava fogo nas casas, confiscava madeiras sob o pretexto de que as mesmas haviam sido tiradas das terras da fazenda, e espancava cruelmente os índios e os negros que trabalhavam sob seus domínios e, em alguns casos, até mesmo os escravos de outros senhores, e as vezes homens livres( AMANTINO,2011,p.46).
         Vaz Pereira continua seu relato descrevendo o poder e a forma de exercê-lo dos jesuitas perante os habitantes da região. Os inacianos teriam uma espécie de milícia composta de índios e negros que era conhecida por "Henriques e camarões". Amantino nos diz que a frente do grupo vinha um dos milicianos com uma caixa de guerra e que este grupo teria "sido responsável por diversas violências contra os moradores e, em muitos momentos, o próprio jesuita saía no meio de seus gritando palavras de ordem contra menbros da população"(AMANTINO, p.46). Eis um trecho da carta de Vaz Pereira ao Rei de Portugal
 
                                "  Com armas de fogo, chuços e lanças mandou a casa de Manoel Rodrigues pobre serrador e tomu-lhe seu tabuao, dizendo confiscava por ter serrado nos sertões que pertencem ao seu col´egio, sendo falso. Da mesma forma andou buscar amarrado a Luiz Vieira, pardo forro, para o castigar por outro tanto tabuado que lhe tomou...Dando se ali umas pancadas de noite em um homem chamado bananeira, marchou o dito padre Reis no centro de seus Henriques e Camarões dizendo em voz altas, matem a que acharem!" 
 
Os conflitos entre ambos permaneceram e chegaram a extremos. Vaz Pereira relata que até sua casa fora queimada por ordem do padre Reis. Ele escreve ao Rei relatando e pedindo providências, entre as quais a retirada do jesuita da localidade.
 Os inacianos que utilizavam de terror contra a pequena população local foram retirados da região no ano de 1758, um ano após a exposição da carta de Vaz Pereira, e um ano antes da expulsão dos jesuitas do país pelo Marques de Pombal. Foi o fim de uma era de terror...

Bibliografia:
Povoamento, catoloicismo e escravidão na antiga Macaé( séculos XVII e XVIII) Márcia Amantino, Claúdia Rodrigues, Carlos Engemann, Jonis Freire( organizadores). Rio de Janeiro; Apicuri, 2011.

Manuscritos de Manoel Martins do Couto Reis. 1785.


 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012


A cachaça e a Freguesia de Nossa Senhora das Neves

Não sei se isso é bom ou ruim, mas é algo que muitos de nós brasileiros gostamos muito... Falo do prazer de se poder beber uma boa cachaça. Ahh! Quando se é boa de verdade desce que nem amarga! Outro dia, em uma de nossas andanças em busca de ruínas antigas nas serras de Macaé, encontramos uma torre, uma espécie de chaminé que seria de alguma fábrica, engenho ou coisa parecida. Paramos para olhar ao redor e ver se havia algo esquecido nos arredores. Logo depois apareceu uma senhora que se aproximou e começamos a conversar. Ela se apresentou e disse morar ali a muito tempo. Perguntamos se sabia o que existira no passado naquele local. Ela disse que se tratava de uma antiga fábrica de cachaça! Disse se lembrar  ainda de alguns detalhes. Mostrou-nos de onde vinha e passava o encanamento de água para abastecer a possível fábrica e continuou falando sobre aquilo que sua memória ainda “guardava”.


Junto do que nos disse a tal senhora e das fotos, fomos buscar maiores informações a respeito da possível fábrica e da região. Sei bem onde nos encontrávamos: A Freguesia de Nossa Senhora das Neves e Santa Rita do sertão do rio Macaé.  Ufa! extenso o nome. A localidade de Neves foi uma Antiga freguesia pertencente ao município de Macaé e que corresponderia à região de Bicuda e Córrego do Ouro aproximadamente nos dias de hoje.

Armando Borges, empresário e escritor macaense, que sempre gostou de escrever a respeito de sua terra, nos conta em seu livro “História e lendas de Macaé” que a referida “fábrica” não era de cachaça, mas se tratava de uma pilação de arroz e café. Segundo o mesmo autor, era a maior pilação do município (p.44). A fazenda pertenceria ao Coronel José Eufrásio. De acordo com Borges “numa região muito alagada, a fazenda foi saneada de forma que um terço de suas terras foram beneficiadas para o plantio de cereais, principalmente café e arroz”.


A freguesia de Nossa Senhora das Neves teve seu apogeu no fim do século XIX quando fora elevada a condição de Vila, sendo desmembrada do território macaense. Antônio Alvarez Parada em  seu livro "Cartas da província" nos dá a informação de que o "município de Neves foi criado pelo decreto 171 de 24 de fevereiro de 1891, em documento legal que lhe fixava os limites...A independência de Neves durou até o ano seguinte, quando o decreto 52 de 29 de abril revogou a autonomia e reincorporou seu território ao município de Macaé. Vamos conhecer um pouco desta freguesia que já não mais existe.

Segundo Sheila de Castro em seu livro “A colônia em Movimento” Neves foi a terceira freguesia em proporção de ex escravizados e descendentes na capitania da Paraíba do sul. De acordo com suas pesquisas “em 1785 não havia registro de negros na localidade. Havia apenas 23 indígenas vivendo junto de poucos brancos na região. Já em 1799 sua população era de 5.331 habitantes no total. A população diminui no meado dos Século XIX, chegando no ano de 1840 a 3.818 pessoas entre escravos e homens brancos livres.  Couto Reis que por aqui esteve por volta de 1785,  assim se referiu a esta região antes de seu auge:


“Esta é a mais moderna, situada na margem do Macaé no lugar denominado Aldeia dos índios, não tem território com limites certos, os seus habitantes são pobríssimos e muito poucos em número e dispersos; chamam-se fregueses desta todos os que habitam na vizinhança do rio São Pedro,e da Barra deste para uma outra margem do Macaé acima.”

Apesar da fala de Couto Reis de serem pobríssimos seus habitantes, Neves chegou a ser um razoável produtor de alimentos para a corte. Hoje restam poucos indícios das grandes fazendas que existiam na região. Segundo Sheila de Castro, um dos motivos do declínio da região pode ter sido a diminuição da reserva florestal, “sua localização e fertilidade desvantajosas para uma atividade agrícola ou pecuária, em comparação com áreas vizinhas, e ainda de mais fácil acesso, inibiram o crescimento populacional”.

A população da região se dedicava entre outras coisas, a extração de madeira, agricultura, pesca, e ao plantio da cana de açúcar.   A criação da freguesia de Nossa Senhora das Neves se dá por volta de 1765, onde já havia sido criada uma aldeia pelo padre missionário Antonio Vaz Pereira no ano de 1747. Este religioso foi um dos maiores conquistadores de aldeias indígenas da história da região. Teria convertido 25 aldeias em um período de 10 anos apenas, chegando a receber condecorações por bons serviços prestados. Existe a possibilidade do corpo do mesmo estar enterrado no cemitério que ficava na antiga aldeia, sendo ainda possível visualizar suas ruínas. O gráfico abaixo nos apresenta a população da região no senso de 1872. Vejamos.




População de livres e escravos por freguesias no município de Macaé - 1872


Freguesia
Censo de 1872
Livres
Escravos
Total
São João Batista
3592
1856
5448
Barreto
-
-
-
Neves
5131
3217
8348
Macabú
2227
1331
3558
Carapebus
3346
971
4317
Quissamã
1534
1944
3478
Frade
-
-
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Fonte: Recenseamento Geral do Brasil, 1872 (IBGE)

No ano de 1813 Macaé é transformada em vila, e devido a sua importância econômica, Neves é cogitada para ser a sede desta vila. Neves fora a terceira maior freguesia da região em número de escravos. Em 1891 é elevada a categoria de Vila, igual à Macaé, mas fato que teve curta duração. Foram apenas um ano e quatro meses como já dito anteriormente, retornando logo a condição de distrito. Crises  econômicas de fim de século e falta de mão de obra devido ao fim da escravatura, além de um crescimento da região mais próxima ao litoral junto do desenvolvimento da cidade de Macaé, fazem com que Neves retorne a dependência e a pertencer a Macaé. Em 1872 Neves tinha uma população que girava em torno de 8.348 pessoas, enquanto que Macaé possuía 5.448 . Foi um grande produtor de alimentos para o império.Em suas terras se encontravam a maior pilação da região de Macaé, que ainda possui uma torre como lembrança desse seu passado. O município de Neves já não existe mais. Quase toda a sua extensão geográfica se resume hoje ao distrito de Córrego do ouro. 

                             O Brasil e a independência...

 

A independência do Brasil resultou de um processo iniciado, principalmente, a partir do ano de 1808, data da chegada da família real portuguesa ao Brasil.

 

            A transferência da corte portuguesa vai trazer inúmeras mudanças para nosso país devido a instalação de todo um aparelho burocrático necessário para se governar um Império,já que a sede do império ultramarino Português passa a ser o Rio de Janeiro e não mais Lisboa. Bancos, Universidades, urbanização, polícias entre outras medidas colaboraram para mudar de vez a cara de nosso país. Uma das primeiras medidas, e talvez a de maior impacto tenha sido a abertura dos portos as nações amigas. Com este ato Dom João faz com que se amplie em muito o comercio brasileiro com vários outros países, mas principalmente a Inglaterra. Essas e outras transformações iram tornar a separação inevitável. A independência foi de certa forma produto de um conflito entre portugueses, desencadeada na revolução liberal do Porto de 1820 e cuja motivação teriam sido os ressentimentos acumulados na antiga metrópole pelas decisões favoráveis ao Brasil adotadas por Dom João VI. Outro fator preponderante para que as províncias se mantivessem unidas em torno da coroa e de Dom Pedro I foi a constante ameaça de rebeliões escravas, tendo em vista que a revolta de escravos no Haiti ocorrera a poucos anos e que deixara muitos senhores amedrontados em várias partes da América, e no caso do Brasil, com uma população superior de negros em relação a brancos, o medo era muito constante. Pressionado pelo triunfo da revolução constitucionalista, D. João VI retornou com a família real para Portugal, deixando como príncipe regente no Brasil o seu primogênito, D. Pedro de Alcântara.

A situação do Brasil permaneceu indefinida durante o ano de 1821. Em 9 de dezembro, chegaram ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes que determinavam a abolição da Regência e o imediato retorno de D. Pedro de Alcântara a Portugal, a obediência das províncias a Lisboa (e não mais ao Rio de Janeiro), a extinção dos tribunais do Rio de Janeiro. O Príncipe Regente começou a fazer os preparativos para o seu regresso, mas estava instaurada uma enorme inquietação. O partido brasileiro ficou alarmado com a recolonização e com a possibilidade de uma explosão revolucionária. A nova conjuntura favoreceu a polarização: de um lado o partido português e do outro, o partido brasileiro com os liberais radicais, que passaram a agir pela independência
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Sondado, o Príncipe Regente mostrou-se receptivo. Foram então enviados emissários às províncias de Minas Gerais e de São Paulo para obter a adesão à causa emancipacionista, com resultados positivos.

A decisão do príncipe de desafiar as Cortes decorreu de um amplo movimento, no qual se destacou José Bonifácio. Membro do governo provisório de São Paulo, escrevera em 24 de dezembro de 1821 uma carta a D. Pedro, na qual criticava a decisão das Cortes de Lisboa e chamava a atenção para o papel reservado ao Príncipe na crise. D. Pedro divulgou a carta, publicada na Gazeta do Rio de Janeiro de 8 de janeiro de 1822 com grande repercussão. Dez dias depois, chegou ao Rio uma comitiva paulista, integrada pelo próprio José Bonifácio, para entregar ao Príncipe a representação paulista. No mesmo dia, D. Pedro nomeou José Bonifácio ministro do Reino e dos Estrangeiros, cargo de forte significado simbólico: pela primeira vez na História o cargo era ocupado por um brasileiro.

No Rio de Janeiro também havia sido elaborada uma representação (com coleta de assinaturas) em que se pedia a permanência de D. Pedro de Alcântara no Brasil. O documento foi entregue ao Príncipe a 9 de janeiro de 1822 pelo Senado da Câmara do Rio de Janeiro. Em resposta, o Príncipe Regente decidiu desobedecer às ordens das Cortes e permanecer no Brasil, pronunciando a célebre frase "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico!". O episódio tornou-se conhecido como "Dia do Fico".
A respeito do grito do Ypiranga, muitos Historiadores concordam que não aconteceu da forma como vem sendo contada pelos livros didáticos. A bela pintura do pintor de Pedro Américo, em que D. Pedro I se encontra altivo em seu belo cavalo e cercado pelos dragões da Indepedência estaria longe do real acontecido. Provavelmente D. João estava montado em um burro, vestido com roupas comuns, e á época de 1822 os Dragões da Indepência ainda não existiam. O quadro foi um pedido do filho de Pedro I, Pedro II para homenagear o pai e deixar gravado na memória de todos os brasileiros a data histórica para nosso país