sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A corrupção de ontem e de hoje

Na semana que passou aconteceu a decisão de um dos campeonatos de futebol amadores da cidade. Um fato interessante se deu com relação a atitude tomada pelos membros de uma das equipes, que resolveram protestar, segundo eles, contra a corrupção que assola o município, e que os tem lhes atingido diretamente(?). Eles questionaram o repasse, segundo eles de 450 mil reais destinados ao clube, e que ninguém sabe para onde foi( ou sabe?). Escreveram faixas, camisetas, placas, e coros entoados de “ladrão”, para o responsável pelo uso da verba, que envergonhado (será?) preferiu sair de fininho com o rabo entre as pernas sem se pronunciar. 450 mil é muito dinheiro para um simples time amador, que, nem redes ou bolas possui. Há alguma coisa errada nisto.
Mas se há alguma coisa errada, não está apenas na postura suja do administrador do dinheiro. Está também nas prioridades dos atletas peladeiros do fim de semana daquele “clube”. Por que será que só protestam quando se trata de roubo no futebol. Só chamam de ladrão o árbitro de futebol (que eles chamam de juiz) e não os juízes de verdade e toda a sua conivência com a podridão pública? Por que não reclamam da falta de ambulâncias, ou de remédios, ou de merenda escolar? Por que não reclamam das centenas de pessoas que eles mesmos conhecem, que mamam nas tetas do governo municipal e estadual, sem saber mal soletrar seus nomes? É por que neste caso, não se trata de coisas tão importantes quanto o futebol. E em muitos casos, muitos dos que se manifestam contra os desvios no futebol (no futebol não!) gostariam de receber algum que estivesse sendo desviado de algum outro órgão público.
Outra coisa surpreendente se dá com relação ao enriquecimento de determinados políticos. Tudo o que possuem é fruto de roubo. Fruto de sujeira da mais vil possível, mas mesmo assim são tratados com tanto respeito. Andam com os narizes tão empinados, desfilando em carros comprados com nosso dinheiro (ou alugados com nosso dinheiro) como se isto fosse a coisa mais normal do mundo (As vezes eu acho que é).
Em “Vida e morte de M.J.Gonzaga de Sá”, Lima Barreto escreveu: Nunca houve tempo em que se inventassem com tanta perfeição tantas ladroeiras legais. “A fortuna particular de alguns, em menos de dez anos, quase que quintuplicou; mas o estado, os pequenos burgueses e o povo, pouco a pouco, foram caindo na miséria mais atroz.”
O referido texto de Lima Barreto se refere a o início do século passado e a recém inaugurada República do Brasil. O que vemos nestas palavras? Semelhanças com o que acontece em nossa cidade? Uma corrupção que prossegue ininterruptamente há séculos? Triste nossa situação. Pobre de nosso povo, enterrado até o pescoço na ignorância, acreditando que uma bola Val mais que uma ambulância ( não era para rimar...). Abraços...                                                                       Alex Grijó

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