quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Deveriam nos agradecer de joelhos...

Deveriam nos agradecer de joelhos”...
Assisti esta semana uma entrevista do General Leônidas Pires Gonçalves concedida ao jornalista Geneton Morais Neto no programa Dossiê Globonews. O general Leônidas fora ministro do exército, ex chefe do DOI-CODI, que era um dos órgãos repressivos do regime golpista de 1964. Vale a pena ler e ouvir as declarações do general. Os pontos que mais me chamaram a atenção foram os seguintes.
Para o general todas as medidas do governo estavam dentro da legalidade. “éramos civilizados. As medidas do governo eram civilizadas.” A respeito dos que fugiram do país e se exilaram por medo de serem assassinados, ou por que tiveram direitos políticos cassados, sendo acusados de subversivos o general disse: “os que deixara o país o fizeram por livre e espontânea vontade. Saíram por que quiseram. Eram fugitivos”. Gostaria que o jornalista perguntasse a respeito dos milhares de desaparecidos durante o período. Sobre todos os torturados pela polícia que nunca mais voltaram para casa. Infelizmente esta pergunta não pode ser feita.
Sobre os meios utilizados para conseguir determinadas informações, o general disse que chegou a pagar por informações a integrantes do PCB, que por dinheiro delataram seus companheiros.” Paguei 150 mil a integrantes do partido comunista para que delatassem companheiros”. Nesta operação em que o general disse ter pago pelas informações, morreram três integrantes do PCB no bairro da Lapa, onde ficava a sede do partido. O general disse ainda que em seu departamento nunca houve tortura, e que pelos outros não podia falar. “hoje todo mundo diz que foi torturado para receber indenização. Depois, mudando um pouco o discurso disse Leônidas:”Se houve tortura, foi muito pouca. Pegaram uma formiga e colocaram num telescópio. Estávamos defendendo o país, e não interesses próprios”.
Sobre a morte do jornalista Wladimir Herzog, que fora chamado para depor e poucas horas depois estava morto, e que segundo a policia o mesmo cometera suicídio, o general Leônidas disse o seguinte: foi suicídio. Ele não foi torturado. Estava cheio de medo. Preocupado.
Todos os problemas ocorridos na ocasião eram culpa dos subversivos:” vivamos uma guerra iniciada por eles”.
Para o general, os atuais governantes do país deveriam agradecer aos militares de joelhos pela “revolução de 1964”. “Nós vencemos a guerra. A democracia de hoje é o que queríamos!”
Sobre suas orientações a seus subordinados:” atirem para matar. Mas não cometam arbitrariedades”. E sobre seus comandados:” o soldado é um cidadão de uniforme para o exercício cívico da violência”.
Para encerrar o general disse que o ocorrido fora a vontade do povo. “
O povo foi à rua pedir a revolução!”(o general fala da marcha com Jesus pela família organizada pela igreja católica contra o governo de Jango).
Cada um que tire suas conclusões. “Tá entendido!”. Grande abraço.

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