quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Educação, mesmo que tardia!

O objetivo de toda prática pedagógica é a transformação e a modificação da sociedade através da educação. Educação esta que deve a meu ver, partir de pressupostos libertadores. Para isto se faz necessário que alguns fatores consigam se coadunar. Os interesses deverão ser comuns aos atores da sociedade que, deverá realmente buscar a transformação visando diminuir as desigualdades, adotando práticas inclusivas e de promoção de projetos que realmente venham a atender aos interesses da sociedade, principalmente daqueles que se encontram na base da pirâmide social, e não apresentando desculpas e jogando a culpa dos problemas em fatores alheios a administração pública. Acho que até aqui não lhes apresento nenhuma novidade. Eu mesmo não sei porque escrevo isso. Afinal, tantos já escreveram, e pouco ou nada de prático produziram. Mas, apesar de parecer redundante, vazio, lugar comum, é isto que precisa ser feito.
No século em que nos encontramos, sabemos que o investimento mais importante para alavancar o crescimento de um país é o que passa pela educação, e pela educação tecnológica. Outra questão que não pode de forma alguma ser deixada de lado é a da igualdade e possibilidade de acesso para todos. Isto em se tratando de Brasil é quase uma utopia, ou o é, mas que mesmo assim não pode deixar de ser sonhada. Trata-se da necessidade de uma revolução. Paulo Freire disse que “a rebeldia é ponto de partida indispensável, mas não é suficiente. A rebeldia enquanto denúncia precisa se alongar até uma crítica radical, a revolucionária.[1]
Não sei se enxergo mal, ou se conheço poucos professores, mas tenho a ligeira impressão de que a maioria deles está no lugar errado. Poucos são os que se preocupam com o que de fato deveriam se preocupar. São apenas repetidores de conteúdos. Não seguem o que, por exemplo, Paulo Freire sempre explicitou. Aliás, ao falar em Paulo Freire, me vem a indagação do por que um homem tão renomado, o brasileiro que mais recebeu homenagens de Universidades mundo afora, a frente de Fernando Henrique e Darci Ribeiro, não é estudado no Brasil. Quando estava na Universidade estudei vários teóricos da educação, mas Freire que é realmente bom, nada! E, ele é brasileiro! O mais homenageado do mundo! Gostaria que esta deficiência fosse apenas da Universidade onde estudei, mas sei que não é. Basta analisar a educação brasileira, o nível de criticidade da maioria dos professores e dos jovens formandos de ensino médio. O nível é quase zero. 

Poucos se destacam. Poucos questionam, indagam. Mas isto não se dá ao acaso. Paulo Freire queria uma educação libertadora, que produzisse seres críticos, inconformados com a situação ao seu redor. Que não se curvassem ou se vendessem ao primeiro canalha que lhes oferecesse um saco de cimento ou uma cesta básica em troca de um voto. Freire pregava a autonomia, a libertação, e para isso precisava conscientizar pessoas, professores, políticos. Faltou isto. Sua obra não foi em vão. De maneira nenhuma. É um dos maiores pensadores de todos os tempos. Para alguns está entre pensadores como Platão e Sócrates. Dificilmente se pode levantar críticas negativas a sua postura como educador, homem, e filósofo. A exceção é a revista Veja, que talvez por falta de informação conseguiu, pasmem! Querer desmerecer a obra deste monstro sagrado da educação brasileira! Que Alá, deus, Jeová, Buda ou qualquer outro deus possa nos dar outros Paulos Freires nesta vida. Quem sabe assim o Brasil não vira algo um pouco mais decente. Algo que possamos nos orgulhar de chamar de pátria “mãe”. Que possa ser um país invejado por Cuba, Noruega, Chile, Finlândia, Coréia do Norte, Dinamarca, Suécia e tantos outros que tem a educação em níveis elevados. Esperemos amigos, esperemos.    


[1] FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários á prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996, pp.79.

2 comentários:

  1. Muito bom o seu ponto de vista! Só acrescentando que custa caro ter pessoas pensantes, não é isto que os Governantes querem. Um exemplo disto é que nas escolas públicas não se estuda mais Filosofia e Sociologia, pois é vista como disciplinas que levam as pessoas a pensarem.Paulo Freire,na minha opnião é um dos melhores escritores e pensadores que existe, as obras dele só não são mais populares no Brasil porque ele queria uma educação libertadora, que produzisse seres críticos, inconformados com a situação ao seu redor,como vc mesmo disse.
    Imagina em época de eleição se a maioria das pessoas não se vendessem por um saco de cimento e contrário a isto, tivessem a sanidade de questionar, cobrar dos políticos melhorias.Se questionassem quais seriam as melhores propostas e após esta análise escolhessem o MELHOR candidato para a SOCIEDADE e não aquele que satisfaça seus próprios interesses. Acho que não haveria um candidato eleito.

    ResponderExcluir
  2. Quem foi Paulo Freire me pergunto. Não me lembro de ter alguém me dizendo a importância deste homem para a nossa sociedade. Temo que as gerações futuras não tenham nenhuma pessoa para que possa dizer-lhes que brasileiros também são bem visto lá fora. E não estou falando de serem visto em novela.

    ResponderExcluir