quinta-feira, 11 de novembro de 2010

As margens do Ypiranga...

Ouviram do Ypiranga...
As margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante, e o sol da liberdade em raios fulgidos, brilhou no céu da pátria neste instante... estes são trechos de nosso querido hino nacional. Disto todos sabem. Este trecho trata de um acontecimento ocorrido no ano de 1822, e que teria algo haver com a nossa independência de Portugal, sendo proferido pelo nosso queridíssimo D.Pedro I, as margens do riacho do Ypiranga. Nada mais falso. Há um famoso quadro de Pedro Américo retratando tal “acontecimento”.
O mito da nação precisa de grande heróis, de acontecimentos grandiosos, em que cenas romantizadas sejam sempre retratadas. No caso deste acontecimento e do quadro de Pedro América, “o grito do Ypiranga”, trata-se de uma cópia de um quadro pintado anos antes na Europa que retratava Napoleão Bonaparte em uma de suas vitórias. São idênticos!
Pedro Américo fora contratado por D.Pedro II para pintar tal quadro em comemoração a data da independência no ano de 1886. O quadro foi pintado na Itália, em Florença, onde Américo vivia na época. O autor da obra visitara o local do acontecimento 66 anos depois do ocorrido, referindo-se ao fato como “a mais bela cena de proclamação da república já vista”. Américo usou de fato de algo conhecido como licença poética, afinal, a comitiva de Pedro I passava muito longe da que fora descrita. O imperador cavalgava não um belo cavalo branco, mas sim uma bela mula! O trajeto a percorrer era duro demais para um cavalo, e era necessário um animal mais forte para percorrê-lo. No quadro as mulas que transportavam as bagagens desapareceram! Em seu lugar surgem os dragões da independência, que por acaso só foram criados por Pedro II anos depois.
Há hoje um museu no local da “proclamação”, que por acaso fica a 400 metros de distância do local da “proclamação” (se é que vocês me entendem). Esse costume de fabricar ilusões vendendo-a ao povo me faz lembrar a seguinte frase de Henri Poincaré: “nós também nos perguntamos o quanto a verdade é muitas vezes mais cruel, e nos perguntamos se a ilusão não é mais consoladora.”
Este fato queridos, trata-se apenas de mais um caso de construção de um passado, fato que lhes garanto, é muito mais comum do que todos vocês podem imaginar. Alguns me perguntam então se tudo o que nos é ensinado é falso? Digo que não. É apenas distorcido ou mal explicado. Muitas coisas são omitidas, e a própria formação dos professores é capenga, acrítica. De outro lado há também o esforço do governo em promover uma educação técnica, voltada para atender aos interesses das grandes multinacionais, se colocando sempre na posição de colônia, fornecendo aquilo que as grandes potências necessitam, e não buscando ao lado do desenvolvimento técnico um desenvolvimento intelectual que vise superar outras deficiências que não apenas a da falta de empregos. Por este e outros motivos, é que talvez o ensino de história e de algumas outras ciências como a filosofia e a sociologia, venha sendo deixadas de lado, saindo da grade curricular ou tendo seu horário a cada dia mais diminuído.
                                                                                                    Alex Grijó

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