sábado, 15 de janeiro de 2011

Anomalia é ver político preso...


Na época em que estava na escola, ali, bem atrás das carteiras escolares, lá na fila do lado direito na antepenúltima cadeira, aprendi que repetir o ano não era coisa muito boa. Aprendi que repetir não era o verbo correto; mais certo seria progredir. Aprendi que na hora da refeição devemos comer só uma vez, e não ficar repetindo. Comer demais não faz bem. Não sei bem se aprendi a lição, mas acho que alguns aprenderam menos ainda, e acho que o povo do Maranhão não teve estas lições em suas escolas (se é que lá existe escola).
Há quanto tempo José Sarney está se repetindo na política brasileira e maranhense? Este estado está entre os piores do país em vários índices de desenvolvimento social, e Sarney está no poder a décadas, e só o que soube fazer foi agravar a precariedade das condições daquele estado (além de nomear todas as ruas, escolas, avenidas, praças e fóruns com o nome da família).
De acordo com o jornal Imparcial, o Maranhão está nas últimas posições no índice de desenvolvimento da família (exclua ai a família do Sarney). O estado só ganha do Acre neste quesito.
A maior parte dos municípios deste estado não possuem esgoto tratado (se bem que minha cidade também não possui). O Maranhão também ficou lá em baixo no que se refere à habitação, acesso ao conhecimento (só podia ser) e disponibilidade de recursos. Se em algum momento pudéssemos acreditar na pré-suposição de que o voto é uma possibilidade de se conseguir dias melhores para a população, com certeza este não é o caso da grande maioria que vota em homens como o diferenciado José Sarney, que nas palavras do presidente Lula, tentando defender o mesmo em mais um caso de corrupção, disse que “Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum.” Acredito que realmente haja diferença entre as pessoas neste país. Aliás, tenho certeza. Esta estória de que somos todos iguais perante a lei é uma tremenda farsa, assim como a existência do papai Noel. Eu não acredito!
 Mais uma entre as tantas que estamos acostumados a engolir dia após dia. Os escândalos se repetem no meio político um atrás do outro. Falam que brasileiro não tem memória, e logo se esquece dos crimes cometidos por um político. Ora! São tantos crimes cometidos por tantos políticos, que antes de analisarmos um, já vêm logo outros! Fica difícil lembrar-se de tantas coisas tão corriqueiras e repetitivas. São tantos nomes, tantos escândalos. Mensalão, mensalinho, anões do orçamento, desvio na Petrobrás, contratação de familiares, enriquecimento ilícito de filho de presidente, de chefe da casa civil, festa em motel com verba pública, apoio a milícias por determinados governantes, deputado com empregados em regime de escravidão em suas fazendas, envolvimento de caseiro em desvio de verba, e os sem números de superfaturamentos, notas frias, obras nunca feitas e com verba já dispensada e tantas outras coisas que realmente não é fácil de lembrar, mesmo com estas notícias saltitando nas páginas dos jornais todos os dias. O que todas estas coisas possuem de comum é apenas a impunidade. Procure saber o número de condenados por estes crimes. Garanto que ninguém, ou talvez quem sabe o caseiro.
Voltando a falar da igualdade perante a lei, me pergunto se não é apenas perante a lei de papel, que não deve ser a mesma prática do delegado e do juiz. Na cadeia só tem pobre! Para político há habeas corpus, e quando um deles vai preso, é um espanto tremendo. Repercussão mundial. Imagino até a manchete no Times: “anomalia; Político consegue ser preso no Brasil!” É como o caso da mãe de gêmeos que descobriu que a diferença de fisionomia de seus filhos se devia a pais diferentes! Um absurdo! Um caso raríssimo! Dificilmente irá ocorrer de novo, e só serve para nos deixar abismados (tanto os pais diferentes quanto a prisão do político) Assim é quando vemos um Sarney, um Maluf, um Fernando Collor na cadeia(nestes casos só o Maluf). Uma anomalia, uma quase aberração, que com exceção do caso dos gêmeos com dois pais, gostaríamos de ver com maior repetência...
                                                                       Alex Grijó

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