quinta-feira, 19 de junho de 2014

Interculturalidade e educação.

Segue aqui um trabalho desenvolvido no intuito de se trabalhar a interculturalidade na escola.

Trabalhar a interculturalidade no mundo moderno e na escola dos dias atuais é algo desafiador. À arte de educar se torna muito mais complexa quando se tem pessoas provenientes de múltiplas regiões, e com valores que lhes mostram um mundo diferente do que agora estão inseridos. A assimilação dos novos conceitos costuma gerar problemas. Olhares costumam se voltar para o diferente. Surge a ideia do inferior e do superior e uma pergunta deve ser feita pelo educador; o que fazer para que uma cultura não se sobreponha a outra?  Como fazer com que grupos minoritários se sintam acolhidos em um “mundo” que prega regras e posturas diferentes e distantes das suas? Buscar uma convivência harmoniosa entre “diferentes”, não querendo torná-los “iguais”, fazendo com que o respeito e a aceitação sejam as regras deve ser o objetivo da escola e de todos os seus membros.
 O tema das relações de culturas distintas e o choque que se dá em seu encontro é algo que em alguns lugares pode se conviver com maior ou menor intensidade. Macaé, cidade onde resido e trabalho, passou por enorme transformação política, econômica e cultural nos últimos trinta anos, sendo que a partir do final da década de 1990 houve uma aceleração neste processo devido a assustadora arrecadação proveniente dos royalties do petróleo. A população saltou de algo em torno de 70 mil habitantes para 300 mil em 15 anos com uma arrecadação de 4 bilhões de reais apenas em royalties em um período de quatro anos. É uma das cidades mais ricas do país.
Este fato trouxe inúmeras repercussões negativas. Aliás, foi o que mais trouxe.  Favelização, violência, engarrafamentos, alto custo de vida e uma diversidade de pessoas incrível. Encontrar macaenses hoje em dia nesta cidade é algo muito raro. Em listas de aprovados em concursos públicos mais de 80% são de pessoas de outros municípios e estados do país. Há escolas particulares apenas para americanos. O bairro com maior número de habitantes da cidade, que outrora fora parte de uma reserva ecológica concentra uma população maciça de baianos e cearenses. É um território invadido por pessoas que vieram para cá atrás de um sonho de uma vida melhor, mas que encontraram outra realidade.
Em uma sala de aula de boa parte das escolas locais os sotaques e diferenças culturais são muito grandes. Parece uma “Babel” brasileira. Evidentemente que a escola deverá ter um trabalho muito maior para promover uma boa interação entre estes jovens que veem uns aos outros como “esquisitos”. Segundo Cámara e Pantoja foi realmente ao “âmbito da educação” que o fenômeno do multiculturalismo se fez sentir com maior intensidade. Segundo estes autores “’se a escola introduz ao mundo da cultura, não é menos certo que ela também reproduza desigualdades sociais, etnoculturais forjando padrões mentais que favorecem atitudes de marginalização”. E é isto que não queremos; reproduzir desigualdades e forjar padrões mentais que favoreçam a marginalização.
Mediante tal constatação, há que se buscar desenvolver nas novas gerações que chegam todos os anos as escolas, um novo entendimento do “diferente”, daqueles que professam signos diferenciados dos nossos, e que se deixe sempre bem claro para estes jovens, que o diferente não quer dizer que seja inferior. É diferente para mim tanto quanto o sou para ele. E que as diferenças muitas vezes podem nos trazer surpresas incríveis que só aqueles que conhecem de perto podem nos proporcionar. Conhecer e compreender o outro são formas de conhecer um pouco de si mesmo. E mais do que isso; é tornar-se um pouco melhor. Eis ai talvez o grande papel da escola diante do multiculturalismo.
Primeira atividade: “Conhecendo nossas culturas!”.
Objetivo(s) da atividade: Fazer com que os alunos conheçam a diversidade da cultura brasileira existente nos diferentes Estados brasileiros, identificando similaridades e influências de outros países e nas culturas de outras regiões brasileiras. Como exemplo a cultura do “boi bumbá” existente em diferentes regiões do país e a festa dos bois pintadinhos que ocorre todos os anos no carnaval macaense há muitas décadas.
Turmas: pode ser desenvolvido com turmas de quinto e sexto ano do ensino fundamental.
Desenvolvimento: os alunos deverão ser divididos em grupos que deverão contemplar a diversidade da turma e possivelmente das culturas do país. Cada grupo deverá pesquisar sobre pelo menos dois tipos de culturas populares e que aparentem similaridades e influências. Deve-se dar atenção a cultura da região onde provenha o maior número de alunos possíveis, como por exemplo, a cultura baiana no caso de maioria de alunos baianos.
Os alunos deverão produzir cartazes, escrever um texto individual e produzir uma apresentação de teatro ou dança para a turma ou a escola no seu geral. Ficará a critério do professor. os alunos podem, por exemplo, construir um boi pintadinho, contar sua história e a o enfatizando a cultura macaense e acultura dos bois de outras regiões. Desta forma poderá ser possível mostrar que não para a pesquisa e apresentação dos trabalhos em cartolina e apresentação oral em sala de aula o período poderá ser de três semanas corridas.somos tão diferentes assim, e que em muitos casos as culturas podem ter princípios formadores parecidos e não inferiores e superiores.
Material necessário: materiais simples de pesquisa como livros e acesso a internet. O professor pode chamar a escola membros de agremiações carnavalescas locais para contar um pouco da cultura carnavalesca local e suas influências. Montadores de “bois” pintadinhos também podem ensinar a fazer um “miniboi” para o trabalho da escola. Será algo divertido e trará parte da comunidade da dentro do ambiente escolar. Para a confecção do boi será necessário bambu e alguns metros de tecido. Cartolina e materiais para pintar.
Tempo: Para o trabalho de pesquisa e confecção de cartolinas e apresentação oral de duas a três semanas. Para o a confecção do “boi” e ensaio para desfile carnavalesco de três a quatro semanas. Durante os ensaios serão muito importante os repasses culturais que poderão resultar. Professores de História e educação física poderão explorar a questão das danças e tradições regionais enfatizando o que cada região tem de melhor para nos mostrar.

Avaliação: critérios e instrumentos: os alunos serão avaliados mediante participação nos trabalhos e apresentações. Deverão produzir uma redação em que deverão discorrer sobre aspectos como a diferença entre “ele e eu”; sobre o que mais lhe chamou a atenção na cultura do outro; sobre o que viu como fator negativo e sobre as similaridades das culturas estudadas.



Segunda atividade: “Desenvolvendo o respeito às diferenças”.
Objetivos da atividade: fazer com que os alunos conheçam as diferenças entre culturas a partir das religiões mundiais conhecendo um pouco de suas diferenças e similaridades. O professor poderá dar ênfase aos conflitos do Oriente Médio por conta, entre outros motivos, das questões religiosas. A região onde nasceram três das maiores religiões do mundo convive diariamente com atentados terroristas em nome de deus. A pergunta a ser feita aos alunos é; não seria mais fácil se respeitassem as escolhas de cada um?
Turmas: do sexto ano do ensino fundamental.
Material necessário: deverão ser feitas pesquisas na internet e livros na biblioteca produzindo posteriormente cartazes para exposição n a escola.
Desenvolvimento: deverão ser promovidos debates em que o professor deverá ter muito cuidado com as colocações, principalmente devido a diversidade de religiões ali representadas, como os cultos católicos, evangélicos, espíritas, umbandistas e os não religiosos. Não deverá ser enfatizado os cultos religiosos brasileiros. Possivelmente se ater aos conflitos do Oriente médio.
Tempo: duas semanas para a turma promover pesquisas, e começar os debates. Na semana seguinte se confeccionam os cartazes para a apresentação em sala de aula. Os alunos poderão produzir textos para serem postados em página de rede social da turma, assim todos poderão ter acesso a variadas opiniões, desde que todos concordem.

Avaliação, critérios e instrumentos: mediante participação nas aulas e exposição de ideias nos textos e nas postagens na página da turma.  

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