quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O acordo entre o assaltante e o assaltado brasileiro...
Comemoramos no dia de ontem a proclamação da independência de nosso país. Sete de setembro de 1822 teria sido a data em que nos libertamos do jugo do império português e passamos a ser “independentes”. Já se passaram 189 anos desde então, e se não temos mais o domínio português, temos hoje o domínio da corrupção desenfreada e alicerçada em nossas instituições públicas e em nossos políticos que as dirigem, que possuem como principal adjetivo a gana desenfreada por dinheiro e mais dinheiro.
Levantamentos de instituições de pesquisa apontam para algo em torno de 35% do PIB a quantia que todos os anos escoam pelos ralos através dos meios escusos da corrupção de nossos ilustres parlamentares. Acredito-me que o valor possa ser muito maior, já que as formas encontradas por nossos políticos corruptos para roubar o país é de uma criatividade excepcional, e estes levantamentos a que me refiro são de instituições externas ao país, logo não estão tão por dentro assim das entranhas de nosso jogo mais do que sujo. Os meios de se lesar o erário público são incontáveis. São pessoas que recebem altos salários como assessores e tem devolver 70% do valor ao seu padrinho; são as comissões pagas por empreiteiros que utilizam outras fontes que não as notas superfaturadas mais do que manjadas; são as ONGs que de não governamentais nada possuem; são infinitas as que só vivem do dinheiro público, e que quando seu partido sai do poder deixam de existir.
Ontem durante o desfile cívico e militar em Brasília, enquanto as câmeras globais se posicionavam para a cobertura, cerca de 40 mil pessoas vestidas de preto, com narizes de palhaço e sem a presença de partidos políticos (que tentaram estar presentes, mas foram convidados a retirar-se juntos com suas bandeiras e simpatizantes) fizeram uma manifestação em nome do fim da corrupção e pela ética na política e sociedade brasileira. Assim como ocorreu em vários locais do mundo, como por exemplo, o Egito, a organização e convocação das pessoas presentes se deram através da internet e de seus internautas.
Segundo o senador Pedro Simon, a presidenta Dilma Roussef vem sofrendo fortes pressões para parar com a faxina nos ministérios, com as demissões de corruptos que assolam seu governo. Ela estaria contrariando partidos e líderes poderosos que ao colocarem seus apadrinhados em cargos importantes no governo, não podem perder estes cargos e os frutos provenientes do mesmo.  
O que parece ocorrer no Brasil é que ladrões e vítimas estão de acordo com os crimes cometidos. O político corrupto (o ladrão), e o cidadão passivo (ou brasileiro, o que dá no mesmo) é o assaltado. Os ladrões nos assaltam, levam remédios dos postos de saúde, a merenda das escolas e o salário dos professores, a verba das estradas e nós sempre que os encontramos os saldamos, congratulamos com eles e lhes damos a autorização para nos representar (ou assaltar?) por mais quatro ou oito anos. Isto é digno de uma boa piada de português, em que o português sempre se passa por idiota em coisas e acontecimentos óbvios!
35% do PIB se esvaindo pelo ralo, seriam suficientes para resolver grande parte dos problemas sociais do país. Só para se ter uma idéia, no ano passado nosso produto interno bruto, de acordo com dados do IBGE, chegou à cifra de 3, 675 trilhões de reais. Trata-se de um crescimento de 7,5% e o maior desde o ano de 1986. 35% deste valor quer dizer que mais de Um trilhão e 200 milhões são roubados por nossos políticos!
 Entre as discussões referentes aos rumos da educação no país, fala-se entre outras coisas, que precisaríamos dobrar o valor dos investimentos que giram em torno de 3,9% do PIB. O valor investido em educação no Brasil não chega nem perto dos valores desviados pelos corruptos país afora. Enquanto o MEC pede 7% do PIB investido na educação, manifestantes pedem 10% em Brasília. Eu pediria apenas aquilo que os políticos enfiam em suas cuecas todos os dias. Aquilo que sai por de baixo dos panos nas transações com as empreiteiras. Estes mais de um trilhão de reais roubados anualmente.
Em recente comparação feita pela OCDE entre 34 países, nosso país ficou em último lugar no que se refere aos investimentos em educação. O Brasil gasta atualmente em média cerca de 2.488 reais por ano com cada estudante, enquanto que os outros países participantes da pesquisa gastam nada mais, nada menos que 14.376 reais. Em Luxemburgo os gastos por aluno chegam a 25.705 reais!
Outra discrepância apresentada pelo estudo foi a diferença entre os gastos com estudantes nos três níveis de ensino; o fundamental, o médio e o superior. Enquanto gastamos 2.213 com estudantes da pré escola, e 1.973 com alunos do ensino fundamental e médio (que foram os valores mais baixos de todos os quesitos da pesquisa) os gastos com os universitários (que são provenientes de escolas particulares nos níveis anteriores, e filhos de nossos ilustres políticos) ficam em torno de 17.226 por estudante ao ano. A média de gastos dos outros países analisados fica em torno de apenas duas vezes mais com o ensino superior. Nossos gastos com os universitários (filhos da classe média, e que não são provenientes da escola pública, tendo cursado os níveis anteriores em escolas privadas) são comparados com os de Espanha e Irlanda e ainda ficamos a frente da Itália, Nova Zelândia e Portugal!
Estes dados apenas deixam claro aquilo que todos nós já sabemos: nossos políticos não são sérios quando o assunto é educação pública que não a de seus filhos queridos. 

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