quinta-feira, 19 de maio de 2011

Qual a verdadeira idade de campos dos goitacazes?


Tendo sido elevada à categoria de cidade em 28 de março de 1835, a então vila de são salvador dos campos dos goitacazes foi a primeira a deixar de usar o nome de vila para ganhar o status de cidade no norte noroeste fluminense, região que antes pertencia a então capitania de são tome, ou seja, ela não foi desmembrada de nenhuma outra cidade e sim nascida dela própria, então como pode ter completado 176 anos? Já que outras cidades contam a sua data de nascimento a partir da criação de vila. Macaé, por exemplo, data o seu nascimento em 1813. Sendo assim campos que era a vila mais importante de toda a capitania, está mais nova de que suas filhas. Campos teria que está completando não 176 e sim 334 anos no dia 29 de maio deste ano, data de criação da sua vila, apesar de alguns historiadores discordar desta data. Julio Feydit nos fala em sua obra Subsídios para a história dos campos dos goitacazes que quando a vila foi criada, na verdade já existia desde 1653, veja este fragmento do texto do importante autor. ``Como se depreende da transcrição que fizemos da ata de 1º de janeiro de 1653, a vila de S. Salvador já tinha igreja matriz e a câmara funcionava regularmente. O general Salvador, tomando posse a 29 de maio de 1677 da vila de S. Salvador de Campos, e a 18 de junho do mesmo ano, da vila de S. João da praia, prometendo fazer duas vilas com igrejas e casa de câmara e 30 casas para moradores, fazia uma promessa falsa e dolosa, pois sabia que não havia necessidade de fazer o que já estava feito``. Conforme podemos observar, não da para dizer que nossa cidade tem só esses 176 anos.
Se levarmos em conta os fatos históricos aqui acontecidos, apesar de mais recente, já nos leva a questionar a idade de nossa cidade. Campos foi por exemplo, a pioneira na America Latina quando em 1883 foi inaugurada a iluminação elétrica, inclusive com a presença de D. Pedro ll, dois dias apenas depois de nova York. Podemos citar também o jornal o monitor campista que mesmo tendo encerrado suas atividades recentemente, era o terceiro jornal mais antigo do Brasil e temos também a livraria mais antiga do país. Querer negar a verdadeira idade desta que é uma das mais importantes cidades do norte fluminense é não dar valor a nossa história.
O começo de tudo! Por volta de 1530 veio para o Brasil uma embarcação com gente de confiança da coroa portuguesa para fazer a divisão das capitanias já que o país estava meio abandonado e sujeito a invasões, o responsável por esta divisão era Martim Afonso e com ele veio Pedro Góes da Silveira o nosso Pero de Góes, que era responsável pelas anotações durante a viagem. Na hora da divisão Pero que era homem de grande prestigio na realeza ficou com uma dessas capitanias tendo adquirido a carta de doação em 1536 e tomado posse em 1539.
A gigantesca faixa de terras doada a este fidalgo era pelo litoral do rio Macaé até o rio itabapoana em São João da Barra e pela região serrana entre algumas cidades podemos citar: São Fidelis, Itaperuna e natividade.
A primeira vila foi fundada na região do retiro (São João da barra) onde o donatário ergueu seu primeiro engenho e deu a esta o nome de vila Rainha, dando uma puxada de saco na Rainha Catarina, mulher de D. João lll. Durante quatro anos o português viveu em paz com os índios e teve até auxílio nas suas edificações, mas ao viajar para Lisboa em 1543 buscando mais recursos para que continuasse suas plantações, ao voltar encontrou tudo destruído pelos índios, tendo se ausentado até o capitão. Mesmo assim Pero deu continuidade ao seu objetivo, reconstruindo casas, aumentando as plantações e fazendo mais dois engenhos. Em 1546 os índios se levantaram novamente e dessa vez com conseqüências mais grave fazendo com que o donatário fugisse com seus colonos e abandonando tudo. Lembrando que os índios não eram hostis conforme se falam, eles apenas não aceitavam serem escravizados, e essa guerra se deu por causa do seqüestro de um chefe índio por parte de Henrique Luiz que apesar de receber o resgate, mesmo assim entregou o nativo a tribos rivais, provocando a ira de toda sua tribo.
Com a retirada de pero de Góes, essas terras ficaram abandonadas até 1570, posteriormente Gil de Góes então herdeiro de Pero tomou posse da capitania, mas não suportando aos ataques dos indígenas também bateu em retirada e com sua morte esta foi incorporada à coroa em 1619, até que em 1627 foi feita uma carta de doação em sesmarias aos sete capitães pelo então governador do Rio de Janeiro Martin de Sá. Tendo os sete capitães recebidos as terras por serviços prestados à coroa ajudando-a a conquistar capitanias. Em 1629 tomaram posse de suas plagas, mas só vieram fazer o reconhecimento pessoalmente em 1632 fazendo currais e se dedicando a criação de gado.
Até 1674 os sete capitães e seus herdeiros se aproveitaram desses campos, a partir deste ano numa negociação um pouco confusa na visão de Miguel Aires Maldonado um dos sete capitães, aparece uma das principais figuras de nossa região, o general Salvador Correa de Sá que consegue uma doação da capitania para seus filhos Martin Correa de Sá e João Correa de Sá. O primeiro ficou com a vila de São Salvador e o segundo com a vila de São João da praia, hoje São João da Barra. Começa o domínio dos assecas por quase cem anos. Este general foi quem deu nome a nossa vila, não é por acaso que temos a igreja de São Salvador. Tendo trazidos muitos escravos da África, Salvador e sua família não se hesitaram em traçar essa negociata envolvendo inclusive os religiosos que aqui se encontravam para se apossar das sesmarias dos ``heréus`` e começar a extinção dos nativos já que estes eram vistos como preguiçosos por não aceitarem serem seus serviçais. Contra esses coitados foram usados bebidas envenenadas, roupas com vírus e até arma de fogo até serem completamente dizimados, haja vista o desconhecimento de algum descente direto de nativos em nossa região.
Em 1753, finalmente a Capitania volta à mão da coroa, através do levante de uma mulher e ela se chamava Benta Pereira, considerada por muitos, como heroína, mas se analisarmos direitinho ela apenas estava defendendo seus interesses, já que era grande fazendeira e os assecas estavam usurpando todos os proprietários de terras com altos forais
Neste breve histórico temos uma pequena noção da importância de nossa terra goitacá, por isso deveríamos rever de uma vez por todas essa questão da idade de campos e passar a valorizar cada vez mais o nosso passado e com isso nosso patrimônio histórico que também é riquíssimo e ainda pouco explorado. É isso.
Lairte Almeida
             Poste de inauguração da iluninação elétrica em frente ao ministério da fazenda, milhares de pessoas passam aqui todos dias e nem imaginam o que significa esse poste cercado.
Qual a verdadeira idade de campos dos goitacazes?

Nenhum comentário:

Postar um comentário