Segue aqui um trabalho desenvolvido no intuito de se trabalhar a interculturalidade na escola.
Trabalhar a interculturalidade no mundo moderno e na
escola dos dias atuais é algo desafiador. À arte de educar se torna muito mais
complexa quando se tem pessoas provenientes de múltiplas regiões, e com valores
que lhes mostram um mundo diferente do que agora estão inseridos. A assimilação
dos novos conceitos costuma gerar problemas. Olhares costumam se voltar para o
diferente. Surge a ideia do inferior e do superior e uma pergunta deve ser
feita pelo educador; o que fazer para que uma cultura não se sobreponha a
outra? Como fazer com que grupos
minoritários se sintam acolhidos em um “mundo” que prega regras e posturas
diferentes e distantes das suas? Buscar uma convivência harmoniosa entre
“diferentes”, não querendo torná-los “iguais”, fazendo com que o respeito e a
aceitação sejam as regras deve ser o objetivo da escola e de todos os seus
membros.
O tema das
relações de culturas distintas e o choque que se dá em seu encontro é algo que
em alguns lugares pode se conviver com maior ou menor intensidade. Macaé,
cidade onde resido e trabalho, passou por enorme transformação política,
econômica e cultural nos últimos trinta anos, sendo que a partir do final da
década de 1990 houve uma aceleração neste processo devido a assustadora
arrecadação proveniente dos royalties do petróleo. A população saltou de algo
em torno de 70 mil habitantes para 300 mil em 15 anos com uma arrecadação de 4
bilhões de reais apenas em royalties em um período de quatro anos. É uma das
cidades mais ricas do país.
Este fato trouxe inúmeras repercussões negativas.
Aliás, foi o que mais trouxe.
Favelização, violência, engarrafamentos, alto custo de vida e uma
diversidade de pessoas incrível. Encontrar macaenses hoje em dia nesta cidade é
algo muito raro. Em listas de aprovados em concursos públicos mais de 80% são
de pessoas de outros municípios e estados do país. Há escolas particulares
apenas para americanos. O bairro com maior número de habitantes da cidade, que
outrora fora parte de uma reserva ecológica concentra uma população maciça de
baianos e cearenses. É um território invadido por pessoas que vieram para cá
atrás de um sonho de uma vida melhor, mas que encontraram outra realidade.
Em uma sala de aula de boa parte das escolas locais os
sotaques e diferenças culturais são muito grandes. Parece uma “Babel”
brasileira. Evidentemente que a escola deverá ter um trabalho muito maior para
promover uma boa interação entre estes jovens que veem uns aos outros como
“esquisitos”. Segundo Cámara e Pantoja foi realmente ao “âmbito da educação”
que o fenômeno do multiculturalismo se fez sentir com maior intensidade. Segundo
estes autores “’se a escola introduz ao
mundo da cultura, não é menos certo que ela também reproduza desigualdades sociais,
etnoculturais forjando padrões mentais que favorecem atitudes de marginalização”.
E é isto que não queremos; reproduzir desigualdades e forjar padrões
mentais que favoreçam a marginalização.
Mediante tal constatação, há que se buscar desenvolver
nas novas gerações que chegam todos os anos as escolas, um novo entendimento do
“diferente”, daqueles que professam signos diferenciados dos nossos, e que se
deixe sempre bem claro para estes jovens, que o diferente não quer dizer que
seja inferior. É diferente para mim tanto quanto o sou para ele. E que as
diferenças muitas vezes podem nos trazer surpresas incríveis que só aqueles que
conhecem de perto podem nos proporcionar. Conhecer e compreender o outro são
formas de conhecer um pouco de si mesmo. E mais do que isso; é tornar-se um
pouco melhor. Eis ai talvez o grande papel da escola diante do
multiculturalismo.
Primeira atividade: “Conhecendo nossas
culturas!”.
Objetivo(s) da atividade: Fazer
com que os alunos conheçam a diversidade da cultura brasileira existente nos
diferentes Estados brasileiros, identificando similaridades e influências de
outros países e nas culturas de outras regiões brasileiras. Como exemplo a
cultura do “boi bumbá” existente em diferentes regiões do país e a festa dos bois
pintadinhos que ocorre todos os anos no carnaval macaense há muitas décadas.
Turmas:
pode ser desenvolvido com turmas de quinto e sexto ano
do ensino fundamental.
Desenvolvimento: os
alunos deverão ser divididos em grupos que deverão contemplar a diversidade da
turma e possivelmente das culturas do país. Cada grupo deverá pesquisar sobre
pelo menos dois tipos de culturas populares e que aparentem similaridades e
influências. Deve-se dar atenção a cultura da região onde provenha o maior
número de alunos possíveis, como por exemplo, a cultura baiana no caso de
maioria de alunos baianos.
Os
alunos deverão produzir cartazes, escrever um texto individual e produzir uma
apresentação de teatro ou dança para a turma ou a escola no seu geral. Ficará a
critério do professor. os alunos podem, por exemplo, construir um boi
pintadinho, contar sua história e a o enfatizando a cultura macaense e acultura
dos bois de outras regiões. Desta forma poderá ser possível mostrar que não para
a pesquisa e apresentação dos trabalhos em cartolina e apresentação oral em
sala de aula o período poderá ser de três semanas corridas.somos tão diferentes
assim, e que em muitos casos as culturas podem ter princípios formadores
parecidos e não inferiores e superiores.
Material necessário: materiais
simples de pesquisa como livros e acesso a internet. O professor pode chamar a
escola membros de agremiações carnavalescas locais para contar um pouco da
cultura carnavalesca local e suas influências. Montadores de “bois” pintadinhos
também podem ensinar a fazer um “miniboi” para o trabalho da escola. Será algo
divertido e trará parte da comunidade da dentro do ambiente escolar. Para a
confecção do boi será necessário bambu e alguns metros de tecido. Cartolina e
materiais para pintar.
Tempo: Para o trabalho de
pesquisa e confecção de cartolinas e apresentação oral de duas a três semanas.
Para o a confecção do “boi” e ensaio para desfile carnavalesco de três a quatro
semanas. Durante os ensaios serão muito importante os repasses culturais que
poderão resultar. Professores de História e educação física poderão explorar a
questão das danças e tradições regionais enfatizando o que cada região tem de
melhor para nos mostrar.
Avaliação: critérios e instrumentos: os
alunos serão avaliados mediante participação nos trabalhos e apresentações.
Deverão produzir uma redação em que deverão discorrer sobre aspectos como a
diferença entre “ele e eu”; sobre o que mais lhe chamou a atenção na cultura do
outro; sobre o que viu como fator negativo e sobre as similaridades das
culturas estudadas.
Segunda atividade: “Desenvolvendo o respeito às diferenças”.
Objetivos da atividade: fazer com que os alunos conheçam as
diferenças entre culturas a partir das religiões mundiais conhecendo um pouco
de suas diferenças e similaridades. O professor poderá dar ênfase aos conflitos
do Oriente Médio por conta, entre outros motivos, das questões religiosas. A
região onde nasceram três das maiores religiões do mundo convive diariamente
com atentados terroristas em nome de deus. A pergunta a ser feita aos alunos é;
não seria mais fácil se respeitassem as escolhas de cada um?
Turmas: do sexto ano do ensino fundamental.
Material necessário: deverão ser feitas pesquisas na internet e
livros na biblioteca produzindo posteriormente cartazes para exposição n a
escola.
Desenvolvimento: deverão ser promovidos debates em que o
professor deverá ter muito cuidado com as colocações, principalmente devido a
diversidade de religiões ali representadas, como os cultos católicos,
evangélicos, espíritas, umbandistas e os não religiosos. Não deverá ser
enfatizado os cultos religiosos brasileiros. Possivelmente se ater aos
conflitos do Oriente médio.
Tempo: duas semanas para a turma promover
pesquisas, e começar os debates. Na semana seguinte se confeccionam os cartazes
para a apresentação em sala de aula. Os alunos poderão produzir textos para
serem postados em página de rede social da turma, assim todos poderão ter
acesso a variadas opiniões, desde que todos concordem.
Avaliação, critérios e instrumentos: mediante participação
nas aulas e exposição de ideias nos textos e nas postagens na página da
turma.
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