O
MUNICÍPIO DE MACAÉ AO ADENTRAR NO SÉCULO XX PASSA A ENFRENTAR UM SURTO DE
DOENÇAS E ALGUNS PROBLEMAS POLÍTICOS QUE PERDURARAM POR BOM TEMPO.COM SUA ECONOMIA ESTAGNADA, AINDA
SENTINDO A FALTA DE BRAÇOS PARA SUAS LAVOURAS, O MUNICÍPIO SOFRERÁ E NÃO IRÁ LEMBRAR
OS TEMPOS ÁUREOS DOS CICLOS DO AÇUCAR E DO CAFÉ NÃO TÃO DISTANTES ASSIM NO
TEMPO. NA QUESTÃO POLÍTICA HOUVE CERTA RESISTÊNCIA A INSTALAÇÃO DA PREFEITURA
MUNICIPAL CRIADA PELO GOVERNADOR ALFREDO BACKER EM FEVEREIRO DE 1910. O
HISTORIADOR PAULO KNAUSS REVELA QUE AS
“CÂMARAS MUNICIPAIS FORAM AS INSTITUIÇÕES GERAIS DA SOCIEDADE LOCAL, REUNINDO
LEGISLATIVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO NA MESMA CASA”. (KNAUSS, 2011, p.26) A
CRIAÇÃO DA PREFEITURA PODERIA ESTAR TRAZENDO UMA DIVISÃO DESTE PODER OU COISA
PIOR. O GOVERNO ESTADUAL INDICOU O SENHOR SILVA MARQUES PARA O CARGO DE
PREFEITO, FATO ESTE QUE OS VEREADORES LOCAIS NÃO ACEITARAM. SILVA MARQUES ERA
NITEROIENSE E NÃO MACAENSE. POR POUCO NÃO TIVEMOS UM CONFLITO ARMADO POR CONTA
DESTA NÃO ACEITAÇÃO. KNAUSS NOS DIZ QUE
“A RIGOR, AS MUDANÇAS
INSTITUCIONAIS DO NOVO REGIME SÓ SE FIRMARAM APÓS A PROMULGAÇÃO DA NOVA
CONSTITUIÇÃO DE 1891, ALTERANDO TAMBÉM O CARÁTER POLÍTICO DAS INSTITUIÇÕES MUNICIPAIS.
NESSE CASO É PRECISO MENCIONAR QUE NEM SEMPRE AS DECISÕES DA ESFERA NACIONAL
FORAM ABSORVIDAS COM FACILIDADE PELOS PODERES LOCAIS. É ASSIM QUE EM MACAÉ, A
CÂMARA MUNICIPAL CONTINUOU SENDO O CENTRO DO PODER POLÍTICO LOCAL ATÉ 1910,
QUANDO DA CRIAÇÃO DA PREFEITURA. MAS O PRIMEIRO PREFEITO DA CIDADE SÓ TOMARIA
POSSE EM 1913. ESSA DEMORA REVELA QUE A RESISTÊNCIA LOCAL EM DIVIDIR OS PODERES
SE TRADUZIA NUMA OPOSIÇÃO DE REGIMES POLÍTICOS – ENTRE A MONARQUIA E A
REPÚBLICA.” (KNAUSS, 2011, P.26)
AINDA NÃO POSSUO TODAS AS INFORMAÇÕES E MINÚCIAS
A RESPEITO DESTE CONFLITO POLÍTICO. O FATO É QUE O EMBROGLIO SÓ SE RESOLVEU
TRÊS ANOS DEPOIS COM A POSSE DO ENGENHEIRO MOREIRA NETTO. DAS OBRAS DESTE
PREFEITO AINDA É POSSÍVEL VIZUALIZAR O CORETO DA PRAÇA VERÍSSIMO DE MELO,
INAUGURADO EM 1914 E DO OBELISCO E DO CHAFARIZ EM COMEMORAÇÃO AO CENTENÁRIO DO
MUNICÍPIO, OCORRIDO NO ANO DE SUA POSSE, EM 1913.
A
RESPEITO DA ESTAGNAÇÃO E QUEDA NA ECONOMIA DA CIDADE, O GRANDE PROFESSOR E
MEMORIALISTA MACAENSE ANTÔNIO ALVAREZ PARADA AFIRMA EM SEU LIVRO “HISTÓRIAS CURTAS
E ANTIGAS DE MACAÉ” QUE “O DESENVOLVIMENTO DOS ANOS 70 E 80 DO SÉCULO
ANTERIOR JÁ ESTAGNARA – EM MUITOS PONTOS REGREDIRA – EM SUA ÚLTIMA DÉCADA”.
ALÉM DA ESTAGNAÇÃO
ECONÔMICA, O MUNICÍPIO FOI UM DOS QUE MAIS SOFREU COM SURTOS DE MALÁRIA,
PRINCIPALMENTE, SEGUNDO PARADA, POR CONTA DE DESLEIXOS ADMINISTRATIVOS.
“O NOVO SÉCULO A NÓS CHEGOU COM TRÊS FATORES GERALMENTE INDICADOS COMO
RESPONSÁVEIS POR TAL ESTADO DE COISAS: A ABOLIÇÃO DO BRAÇO ESCRAVO, AS LUTAS
POLÍTICAS INTERNAS E A MALÁRIA. ESTA ÚLTIMA ALIÁS, SEMPRE MARCARA NEFASTA
PRESENÇA, NÃO SÓ EM MACAÉ COMO EM PRATICAMENTE TODO O ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
ENTRE NÓS, TODAVIA, TIVERA RECRUDESCIMENTO COM O DESLEIXO NA LIMPEZA DO CURSO
DAS MARGENS DOS CÓRREGOS TÃO COMUNS EM NOSSO TERRITÓRIO. VERDADEIRA PRAGA NA
REGIÃO, A MALÁRIA OU O IMPALUDISMO PODIA TER SUA IMPORTÂNCIA AVALIADA, ENTRE
OUTRAS FORMAS ATRAVÉS DOS NÚMEROS”. (PARADA, 1995, PP.38)
DE
ACORDO COM ALVAREZ PARADA NO ANO DE 1923, REGISTROS DA CASA DE CARIDADE DE
MACAÉ REVELAM QUE 21% DOS ATENDIMENTOS DESTA CASA EM SEUS 50 ANOS DE EXISTÊNCIA
A ÉPOCA, TERIAM SIDO DE CASOS DE MALÁRIA. POR CONTA DO ALTO ÍNDICE DESTA DOENÇA
NÃO APENAS EM MACAÉ, MAS TAMBÉM NO ESTADO, O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO RESOLVEU
CONTRATAR A FUNDAÇÃO ROCKFELLER PARA EFETUAR SERVIÇOS DE LIMPEZA E DRAGAGEM NO
ESTADO. A REFERIDA FUNDAÇÃO PERMANECEU
EM MACAÉ POR CINCO ANOS EFETUANDO SEUS TRABALHOS, E QUE SEGUNDO ALVAREZ PARADA
“OBTEVE ÓTIMOS RESULTADOS NO CONTROLE DA
DOENÇA”.
SURTOS
DE DOENÇAS FORAM COMO ALGUNS RELATOS INDICAM, UM SÉRIO PROBLEMA PARA O
MUNICÍPIO DE MACAÉ. ALÉM DA JÁ CITADA MALÁRIA, NO FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO
SÉCULO XX, A HANSENÍASE, OU LEPRA COMO ERA CONHECIDA, TAMBÉM ALARMOU AS
AUTORIDADES LOCAIS. CONSTRUIU-SE INCLUSIVE UM HOSPITAL E CEMITÉRIO PARA ATENDER
AOS DOENTES NA CIDADE. SEGUNDO ARMANDO BORGES EM SEU LIVRO “HISTÓRIA E LENDAS
DE MACAÉ”, TANTO O CEMITÉRIO QUANTO O HOSPITAL FORAM CONSTRUÍDOS NO LOCAL
CONHECIDO COMO MORRO DO LAZARETO, LOCALIZADO NO BAIRRO BOTAFOGO, PRÓXIMO AO
BAIRRO AROEIRA. NO ALTO DO MORRO ESTARIA O CEMITÉRIO DOS LEPROSOS. (BORGES,
2005, p.118) O LOCAL HOJE ESTÁ TOTALMENTE TOMADO DE CASAS E JÁ NÃO DEVE HAVER
VESTÍGIOS DESTE NEBULOSO E TRISTE PASSADO. ALÉM DESTAS DUAS DOENÇAS, A VARÍOLA
TAMBÉM TERIA PROVOCADO ESTRAGOS NA CIDADE. AS VÍTIMAS DESTA OUTRA DOENÇA ERAM
ENVIADAS PARA O MESMO HOSPITAL DO LAZARETO. ALÉM DESTAS DOENÇAS AINDA TIVEMOS
MUITOS PROBLEMAS COM SURTOS DE FEBRE AMARELA. PARA UMA PEQUENA E PACATA CIDADE
DO INTERIOR EM UM SÉCULO EM QUE A CIÊNCIA AINDA CAMINHAVA NA BUSCA DA CURA DE
MUITAS ENFERMIDADES, OS PRIMEIROS ANOS DESTE SÉCULO MACAENSE NÃO FORAM NADA
FELIZES...
BIBLIOGRAFIA.
AMANTINO, MÁRCIA E
OUTROS AUTORES. POVOAMENTO, CATOLICISMO
E ESCRAVIDÃO NA ANTIGA MACAÉ. RIO DE JANEIRO, APICURI, 2011.
BORGES, ARMANDO. HISTÓRIAS E LENDAS DE MACAÉ. ITAPERUNA,
DAMADÁ ARTES GRÁFICAS, 2005.
PARADA, ANTÔNIO
ALVAREZ. HISTÓRIAS CURTAS E ANTIGAS DE MACAÉ.
RIO DE JANEIRO, ARTES GRÁFICAS, 1995.
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