quarta-feira, 29 de junho de 2011

Viva a marcha dos queimadores!!!

Vivemos um momento de revolta em alguns países, onde a população e bem mais inquieta do que nossa pacífica nação, porém está na moda atualmente marchar. Seja rumo a algum objetivo ou para impedir que algo aconteça.
      Ato que vem dando resultado, haja vista a marcha dos queimadores. Se você não entendeu vou tentar explicar: Se tem alguma negociação que não está andando, é só organizar uma marcha que tudo se resolve.
      Começamos com a marcha dos queimadores de dinheiro público. Políticos de nossa região que ao ver seu estopim proveniente do petróleo ser distribuído para todo país, logo trataram de fazer varias passeatas para defender o seu mingau. Deu resultado, e o assunto está adormecido por enquanto.
       Outro movimento que também deu frutos, foi a marcha dos queimadores da erva cannabis sativa, ou seja: a popular maconha que depois de ser bastante questionada se era liberdade ou apologia as drogas, a justiça bateu o martelo. É legal e é questão de tempo para ser legalizada. Agora todos pamonheiros podem fazer suas caminhas tranqüilas, inclusive com a escolta policial. Isso que é organização.
      Tivemos também a marcha dos queimadores de...de...de... deixa pra lá, cada um queima o que lhe é conveniente. O que não se pode negar é que deu certo e o casamento gay já é uma realidade em nossa pátria. Se é casal, família, liberdade sexual ou normal, sinceramente, ainda não sei, só sei que é uma existência e uma vitória dos GLBTs.
      Não podemos nos esquecer da marcha dos apagadores de fogo que através de suas caminhadas conseguiram se não o seu objetivo principal, mas avançaram nas suas reivindicações.
      Agora vamos falar da mais recente marcha que aconteceu em nossa cidade que por sinal é de uma sensibilidade extrema. A dos queimadores da cana de açúcar.
      Esta semana tivemos uma grande concentração de gente no centro de Campos dos Goitacazes em prol das queimadas da cana, já que a lei (PL569/11) estabelece que até 2024 seja erradicada totalmente esta prática agressora do meio ambiente, e há uma proibição do MP das usinas adquirirem cana com palha queimada, causando assim um grande desespero nos empresários do setor, já que vão ter que investir pesado em máquinas para o cultivo desta planta. E falou em investimentos, logo vem à cabeça do patrão diminuição nos lucros, e quem vai bancar seus carrões, mansões e muitas outras mordomias se tiverem de abrir mão dos seus trabalhadores quase sempre analfabetos e sem poder de negociação.
      Para se ter uma idéia da situação, segundo reportagem do jornal O Extra, um cortador de cana trabalhando em média 10h p/ dia, ganha entre R$20,00 e R$30,00, o que dá um salário mensal em torno de R$600,00 se o cidadão for bom no facão.
      Agora vamos pegar este salário e irmos ao supermercado e fazer uma boa compra para o mês inteiro. Será que dá? Estou falando de uma compra de uma pessoa normal e não só arroz e feijão, pois as diferenças sociais são grandes, mas as necessidades humanas e fisiológicas são exatamente as mesmas para todo mundo. Pois bem, porque estão tão preocupados com seus coitados serviçais? Nunca vi nenhum movimento da classe privilegiada em defesa desses trabalhados quando se trata de educação, profissionalização, saúde e inúmeras carências deste povo que pratica um trabalho semi-escavo em dias de abundância da nossa economia.
      Nosso país está com o risco de investimentos menor do que os americanos e a nossa região em pleno crescimento econômico. Não dá para se ter gente nesse trabalho desumano que só quem fez sabe o que é.
      Tudo bem que vão ficar gente sem trabalho, mas isto já era esperado e porque não houve uma preocupação antecipando o ocorrido, já que a questão ambiental vem sendo discutida há bastante tempo e não se faz uma omelete sem quebrar os ovos.              
      Mas a principal intranqüilidade dos empresários é que uma máquina custa em torno de R$500,000 e vão ter que contratar gente capacitada e essa gente custa mais caro, além de questionar certas ordens e discutir salários. Para um setor que não conseguiu se desgrudar da era escravocrata e ainda hoje acha que trabalhador braçal tem que ser analfabeto e submisso. Vai ser difícil se adaptar a essa nova realidade. O que não dá, é para acreditar que estão fazendo movimento em defesa dos pobres coitados, bancando o defensor dos trabalhadores inocentes. Que hipocrisia.
      Isso tudo nos faz refletir e tirar uma conclusão. Marchar dá resultado, e que tal esse pessoal que vão ficar sem seus sub-empregos, fazer uma movimentação em favor da educação e qualificação dos seus filhos. Tenho certeza que vão ter êxito, tendo em vista os acontecimentos recentes.
      Já é hora de abrirmos os olhos e cobrarmos das autoridades o que é nosso de verdade, mas fazer isto com nossas próprias pernas e não empurrado por alguém ou algum setor com interesses próprios. É isso.

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