Gosto
de visitar lugares abandonados. Sempre podemos
encontrar algo interessante nele. Já havia, quando garoto ido a este local
muitas vezes. Há uma bela cachoeira perto. Íamos de bicicleta ou mesmo a pé.
Muitas vezes fizemos isso. Eu e vários meninos e meninas de minha localidade.
Perto eu sabia de um cemitério. Tinha certa curiosidade. Mas a cachoeira já
ficava distante e diziam que o cemitério estava mais longe ainda. Ouvia
falar do cemitério, mas minhas superstições de “menino” não deixavam que eu me
aprofundasse na mata para encontrá-lo. Afinal, o que eu lá encontraria? Nada
para um menino, provavelmente. Mas a ligação do nome dado ao cemitério (cemitério da
fortuna) fazia despertar a imaginação:” e se algum túmulo estiver cheio de
tesouros?” Fui até lá. Fui algumas vezes. Mas com outros olhos... Olhos de
menino...
Alguns anos se
passaram, e em determinado dia, já nos dias atuais, com meus "outros"
olhos, novos olhos, retornei ao referido cemitério. O local conhecido como "fortuna" se chama oficialmente "carreira comprida". É O cemitério da carreira comprida. Terras que já pertenceram aos
indígenas brasileiros, a Pero de Góis, aos sete capitães e a família Carneiro
da Silva e hoje pertencem a Reserva Atalaia. Tirei junto de meu amigo e pesquisador Lairte Almeida, várias fotos,
fizemos vídeos e tudo mais. Era apenas um local do passado... Locais que
visitamos pelo mais puro prazer de estudar História.
Conversando
com meu avô Pedro Grijó, perguntando a ele sobre o local, ele confirmou algumas
questões e me surpreendeu com uma; Seu pai, Antônio Pereira Grijó, que chegara
ao Brasil em 1861, vindo de Portugal, junto de seus pais e irmãos mais velhos,
está enterrado neste cemitério. Meu bisavô chegara uma criança de colo com
poucos meses de vida. A vinda desta família de imigrantes portugueses se dá num
momento em que os grandes cafeicultores e escravocratas do Brasil se veem em um dilema: o que
fazer agora que o tráfico de escravos com a África acabou? Trata-se de um
momento em que vagarosamente começam a entrar no país a mão de obra branca e
europeia. Esta imigração era tímida ainda quando meus antepassados aqui
aportaram. No ano de 1870, por exemplo, chegaram ao Brasil oficialmente apenas
9.123 pessoas vindas da Europa. Esse número só tende a crescer a partir daí. Em
1887, véspera da abolição da escravatura chegam oficialmente 54.990 mil pessoas.
Em 1888 já são 131.268 imigrantes desembarcados por aqui. Meus familiares vêm
nos primórdios da imigração.
Ao chegar ao
Rio de Janeiro se dirigem a Macaé, mais precisamente a Conceição de Macabu e
por lá permanecem por muitos anos. Por volta da década de 1940, já com meu avô
Pedro nascido, meu bisavô se muda para o atual distrito de Córrego do Ouro,
onde viverá seus últimos anos e onde muitos descendentes vivem até hoje.
Voltando ao cemitério, foi meu avô Pedro que explicou-me a localização que ele se lembrava do túmulo de seu pai. Retornando ao local, chegamos a esta lápide... Havia três iniciais: I.P.G.
Olhando atentamente pode-se ver que se trata de uma letra A. A do Velho Antônio... Consegui com minha tia Maria Cristina, uma cópia de uma foto do velho Antônio. No seu canto inferior direito havia o que faltava para confirmar minha suposição.
Lá estavam
três letras: A.P.G. Da mesma forma que colocado no túmulo. Era, dentre vários, o único que possibilitaria uma identificação. Há vários de seu lado. nenhum tem sequer uma letra. Foi um encontro com um “avô” que jamais conheci. Um
encontro com uma parte das origens de minha família neste “mundo”. No “novo
mundo” chamado Brasil.
Olá, me chamo Christian e conversando com a minha avó, Gelsa descobri que o Antônio Pereira também era avô dela, ela me informou que o Sr. Pedro saberia mais informações sobre e fui ao google pesquisar sobre e acabei encontrando seu blog, estou buscando informações sobre ele e gostaria de saber se você poderia me ajudar, ficarei muito grato pela resposta.
ResponderExcluirMeu contato: christiian_vilela@hotmail.com
Amei ler essa história! Minha avó chamava Zelair Grijó. Filha de Euclides Pereira Grijó...que veio de Portugal.
ResponderExcluirO primo de minha avó materna, Sebastião Alfenas Tavares foi casado com Zilair Grijó Tavares. Maravilhosa a sua descoberta!
ExcluirO primo de minha avó materna, Sebastião Alfenas Tavares foi casado com Zilair Grijó Tavares. Maravilhosa a sua descoberta!
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