Os primeiros aventureiros que resolveram vir se instalar nesta região, por aqui chegaram na primeira metade do distante século XVI. A coroa portuguesa estava decidida a repartir as terras “dos povos indígenas”. Chamaram então de capitanias hereditárias os imensos latifúndios, que foram doados a pessoas próximas da Real Coroa, os apadrinhados do Rei, nobres e comerciantes poderosos dispostos a investir o que a coroa não pretendia gastar. Entre estas capitanias se encontrava a de São Tomé, onde hoje se encontra nosso município.
Pero de
Góis fora o beneficiado e recebedor da doação destas terras. Fundou uma
povoação próxima ao rio Itabapoana, que a época era conhecido como Managé, construindo
como era de costume, devido ao medo da morte, uma capela batizada com o nome de
Santa Catarina, que teria sido uma homenagem a Rainha Dona Catarina, e não a
nenhuma santa com este mesmo nome. Pura bajulação.
Pero
de Góis não fez muita coisa por aqui. Trouxe de início mudas de cana de açúcar
e algumas cabeças de gado, conseguindo viver inicialmente em paz com os
habitantes que já se encontravam aqui antes de sua chegada, os que foram
erroneamente chamados de “índios”. Pero, que chegara por volta de 1534, abandona
a capitania em 1546, devido a conflitos com os indígenas “ferozes”, que na
Europa chegaram a ter fama de infames, diziam alguns que estes índios caçavam
até tubarões com lanças de madeira! As hostilidades dos indígenas se iniciaram
devido a acordos não cumpridos pelos portugueses, já que palavra, para o
indígena valia. Já para o homem branco...
Gil
de Góis, filho de Pero, sucedeu o pai, mas renunciou em 1619, deixando a posse
para a Coroa. A partir dai entram em cena aqueles que ficaram conhecidos como
“sete capitães”, que teriam sido militares que empreenderam lutas contra
franceses por volta da década de 1580, e que receberam estas terras como
recompensa por serviços prestados. O nome dos sete capitães eram Miguel Aires
Maldonado, Gonçalo Corrêia, Manoel Corrêia, Duarte Correia, Miguel da Silva
Riscado, João de Castilho e Antonio Pinto Pereira. Estes vieram a região e a
descreveram em um roteiro que ficou conhecido como o “Roteiro dos sete
capitães”. Estes não descreveram os
indígenas como ferozes, pelo contrário, disseram que eram amistosos. Pouco
tempo depois surgiria um conflito que não teria nada haver com os ânimos dos
índios. O conflito se daria agora com os religiosos jesuítas, que solicitaram a
Coroa portuguesa terras que se encontravam situadas ao sul das terras dos sete
capitães, que ficavam entre o rio Macaé e o hoje Rio das Ostras. Os sete
capitães já haviam instalados currais e outras construções, dando inicio a
ocupação destas terras. As lavouras de cana foram posteriores a criação de gado
na região. O então governador do Rio de Janeiro refaz a divisão destas terras
levando em consideração o pedido dos religiosos, e nesta divisão surge um
terceiro proprietário: ele próprio. As terras passam a ser divididas entre os
Capitães, os padres e o próprio governador Salvador Correia de Sá e Benevides.
A
ocupação desta região se efetiva dentro do período conhecido como “união
ibérica”, em que estas terras estavam nas mãos da Coroa espanhola. O rei da Espanha, temendo perder estas terras
para ingleses, que pretendiam estabelecer povoações entre o Rio de Janeiro e o
Espírito Santo, manda o governador geral Gaspar de Souza, que instalasse por
volta de 200 indígenas em uma aldeia sobre o rio Macaé em frente à ilha de
Santana, surgindo a partir daí um arraial que ficaria sob a jurisdição de Cabo
Frio. Será instalado um Forte Militar com o nome de Santo Antônio do Monte
Frio. As obras do referido forte se iniciam por volta de 1613.
Além
do povoamento, iniciou-se também por aqui um trabalho que os europeus eram
exímios em sua prática: a do assassinato de indígenas. Lá pelos idos de 1634,
os jesuítas levantaram alguns currais, construindo núcleos de povoamento, que
ficavam onde hoje é o bairro Aroeira, na época conhecido como fazenda Macaé,
aos pés do morro de Santana, e o outro no bairro Imboassica, divisa com o município
de Rio das Ostras. Os padres tinham
senzalas, paiol, lavouras, e um engenho nestas fazendas. Perderam-nas por volta
de 1759, devido a sua expulsão arquitetada pelo conhecido Marquês de Pombal. Como podemos analisar, nossa História que se choca a todo o momento com a
História geral do país, com suas idas e vindas, acordos e desacordos,
conflitos, extermínios, genocídios indígenas aos montes, e elites locais
manipulando, extorquindo riquezas, sempre visando o benefício próprio e de
alguns outros apadrinhados sangue sungas (como diria nosso amado presidente).
Enfim assim começamos, e em alguns pontos ainda permanecemos. Acho que sempre
haverá mais continuidade do que rupturas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário