“Deveriam nos agradecer de joelhos”...
Assisti esta semana uma entrevista do General Leônidas Pires Gonçalves concedida ao jornalista Geneton Morais Neto no programa Dossiê Globonews. O general Leônidas fora ministro do exército, ex chefe do DOI-CODI, que era um dos órgãos repressivos do regime golpista de 1964. Vale a pena ler e ouvir as declarações do general. Os pontos que mais me chamaram a atenção foram os seguintes.
Para o general todas as medidas do governo estavam dentro da legalidade. “éramos civilizados. As medidas do governo eram civilizadas.” A respeito dos que fugiram do país e se exilaram por medo de serem assassinados, ou por que tiveram direitos políticos cassados, sendo acusados de subversivos o general disse: “os que deixara o país o fizeram por livre e espontânea vontade. Saíram por que quiseram. Eram fugitivos”. Gostaria que o jornalista perguntasse a respeito dos milhares de desaparecidos durante o período. Sobre todos os torturados pela polícia que nunca mais voltaram para casa. Infelizmente esta pergunta não pode ser feita.
Sobre os meios utilizados para conseguir determinadas informações, o general disse que chegou a pagar por informações a integrantes do PCB, que por dinheiro delataram seus companheiros.” Paguei 150 mil a integrantes do partido comunista para que delatassem companheiros”. Nesta operação em que o general disse ter pago pelas informações, morreram três integrantes do PCB no bairro da Lapa, onde ficava a sede do partido. O general disse ainda que em seu departamento nunca houve tortura, e que pelos outros não podia falar. “hoje todo mundo diz que foi torturado para receber indenização. Depois, mudando um pouco o discurso disse Leônidas:”Se houve tortura, foi muito pouca. Pegaram uma formiga e colocaram num telescópio. Estávamos defendendo o país, e não interesses próprios”.
Sobre a morte do jornalista Wladimir Herzog, que fora chamado para depor e poucas horas depois estava morto, e que segundo a policia o mesmo cometera suicídio, o general Leônidas disse o seguinte: foi suicídio. Ele não foi torturado. Estava cheio de medo. Preocupado.
Todos os problemas ocorridos na ocasião eram culpa dos subversivos:” vivamos uma guerra iniciada por eles”.
Para o general, os atuais governantes do país deveriam agradecer aos militares de joelhos pela “revolução de 1964”. “Nós vencemos a guerra. A democracia de hoje é o que queríamos!”
Sobre suas orientações a seus subordinados:” atirem para matar. Mas não cometam arbitrariedades”. E sobre seus comandados:” o soldado é um cidadão de uniforme para o exercício cívico da violência”.
Para encerrar o general disse que o ocorrido fora a vontade do povo. “
O povo foi à rua pedir a revolução!”(o general fala da marcha com Jesus pela família organizada pela igreja católica contra o governo de Jango).
Cada um que tire suas conclusões. “Tá entendido!”. Grande abraço.
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