EU E O PROFESSOR ALEX PROCURANDO RESGATAR UM POUCO DE NOSSA HISTÓRIA ATRAVÉS DOS CEMITÉRIOS ABANDONADOS.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
A PRIMEIRA CRUZADA
Quando pensamos nas cruzadas, o que vem ao nosso pensamento de imediato é a chamada guerra santa, porém existiram outros fatores para a culminação deste evento que foi um dos mais sangrentos da época medieval. Por outro lado não podemos jamais desprezar o fator religioso empregado para encorajar os guerreiros que lutaram pela suposta defesa da cruz de cristo.
Com o enfraquecimento do império
romano, os árabes acabaram ganhando terreno e rapidamente ocuparam grande parte
do oriente, conquistando desde a Pérsia, Síria, Palestina e a cidade a qual foi
usada para fundamentar a guerra: Jerusalém. Sendo esta o símbolo religioso,
Jerusalém foi usada como motivo da guerra, pois era a marca da fé para ambos os
lados, judeus, muçulmanos e cristãos tinham seus argumentos fundamentalistas
para justificar a posse da mesma. Sendo terra do rei Salomão, Maomé ou de Jesus
cristo, fato é que depois de um longo período pertencendo aos cristãos, no
século XII estava sob domínio dos Islâmicos que assumira ainda no século VII, tendo
Maomé como figura principal nesta tomada, sendo este profeta responsável pela
unificação religiosa do povo árabe. Inicialmente, este Maomé teve dificuldade
em professar sua fé na cidade de Meca, pois os senhores preferiram não arriscar
seus domínios para um pregador da justiça e da moral e acabaram por expulsá-lo da
cidade. Vendo-se em apuros Maomé marchou em direção a Medina com alguns
seguidores, lá conseguiu prosperar com o islamismo e mais tarde montou um
exercito voltando a Meca para a tomada da cidade. Este foi um acontecimento
importante para o crescimento do islamismo e suas conquistas, incluindo
Jerusalém.
Sendo o mediterrâneo dominado pelos muçulmanos e a cada ano
avançando em direção a Roma, preocupando tanto o imperador oriental, assim como
o ocidental, pois além de estarem perdendo terras também corriam o risco de
perder fiéis, já que onde os árabes ocupavam era cobrado um imposto maior para
quem fosse cristão o que indiretamente forçaria a uma conversão para sobrevivência
dos mesmos. Estava aí o argumento para a recuperação de Jerusalém como nos
mostra este fragmento do discurso de Urbano: “Empreendei o caminho do santo
sepulcro, arrancai aquela terra àquele povo celerado e submetei-la a vós: ela
foi dada por deus em propriedade aos filhos de Israel; como diz a escritura.”
Durante quase um século Jerusalém foi disputada a ferro e
fogo pelos cristãos e muçulmanos, embora este evento tenha durado em torno de
dois séculos, envolvendo oito cruzadas ao todo, porém foram nos primeiros
períodos os acontecimentos mais relevantes. Desde mortes, traições e um período
de falta de alimentos, fazendo com que guerreiros se alimentassem do sangue dos
próprios cavalos que os carregavam. Tratarei aqui sobre a primeira das
cruzadas, iniciada em 1096 até 1099 e teve como principal fomentador o papa
Urbano II. Sendo este nomeado em 1088, tinha como meta colocar a igreja
novamente no senário politico, já que esta estava renegada ao segundo plano
pelos governantes, Urbano aproveitou da necessidade de apoio do seu co-irmão e
ao mesmo tempo rival Aleixo I chefe da igreja oriental e imperador Bizantino,
que ao ver a necessidade de defender seu território contra as investidas dos árabes
pediu ajuda ao chefe da igreja ocidental, o papa ocidental viu no pedido uma
oportunidade de expressar sua força e mostrar que a igreja continuava forte,
aumentando assim seus poderes políticos.
Tendo como argumento o assolamento dos não cristãos, já que
as cruzadas na visão de Hilário Franco jr eram
expedições militares empreendidas contra os inimigos da cristandade e por isso
legitimadas pela igreja, que consedia aos seus participantes privilégios
espirituais e materiais. Então qualquer investida contra quem não era
cristão poderia ser considerada uma cruzada, embora tenham acontecidos
assassinatos de cristãos das cidades dominadas. Motivos eram criados quando se
via a possibilidade de ter vantagem e eliminar o concorrente, desde que fosse
para melhorar sua pobre vida, sendo ele irmão em cristo ou não. Fica claro que
não se tratava apenas da defesa da religião, mas também a oportunidade de se
apossar de bens alheios e com a permissão do papa, o que era de fundamental
importância para da legalidade as incursões.
Numa época em que a religião era muito forte, fazer parte da
cruzada era se sentir parte da igreja, pois o papa no concilio de clermont em
novembro de 1095 fez um forte discurso em defesa da empreitada, dizendo que
quem se voluntariasse estaria contribuindo para a defesa da religião e ao mesmo
tempo sendo perdoados de seus pecados, pois quem viesse a morrer pelo caminho
teria o perdão divino, assim como matar infiéis também seria permitido por
Deus, o que obviamente era de atração sublime, além disso, tinha a oportunidade
de conquistar uma terra que jorrava leite e mel conforme este fragmento de
Hilário Franco Jr: “A terra que habitam é
estreita e miserável, mas no território sagrado do oriente há extensões de onde
jorram mel e leite (...)” Neste fragmento o fator terra sobrepõe a
religião, o que nos indica o interesse dos cruzados na conquista de terras para
sobreviver.
Vendo na guerra santa uma oportunidade de conquista, os
cruzados empenharam seus próprios recursos, além de contar com a ajuda da
igreja que era a principal interessada, muitos foram os voluntários, porém não
se sabe ao certo quantos, segundo Hilário não passavam de dez mil, embora haja
quem diga que na primeira cruzada o imperador Aleixo acordou com sessenta mil
homens em seu portão, o que o deixou assustado e impedindo que os entrasse na
cidade sem antes conversar com o responsável pela tropa, exigindo-lhes
fidelidade e a promessa que as primeiras terras conquistadas seriam de
bizâncio.
Esta cruzada foi composta pela nobreza e supervisionada pelo
papa, porém mesmo tendo um representante papal para comandar a tropa, os
exércitos eram autônomos, pertencendo a senhores feudais Franceses, Alemães e
Italianos, cada um com seu representante, sendo responsável pelos franceses,
Hugo de Vermandois e Raimundo de Saint-Gilles, pelos Alemães o Duque Godfredo
de Bulhão e seu irmão Balduino e pelos Italianos Boemundo. Sendo de regiões
diferentes e pertencendo a senhores distintos, fica difícil acreditar que chegaram
todos ao mesmo tempo em Constantinopla, o que joga por terra a teoria do
acontecido nos portões da cidade mencionado anteriormente, porém o acordo é
verdadeiro, tanto que Raimundo não concorda com a proposta de Aleixo e quase
cria um problema para avançar rumo ao objetivo.
Com os acordos firmados era hora de por em pratica o
combinado, só que para chegar a Jerusalém teria que passar em cidades pelo
caminho e por que não conquistá-las também. A primeira cidade é Nicéia, de
importante localização estratégica por ser próxima de Constantinopla, porém
depois do eficiente trabalho dos militares, Aleixo faz um acordo com os turcos
que acaba entregando a cidade ao chefe Bizantino com a promessa que pouparia as
vidas ali existentes, isto não foi bem visto pelos guerreiros, afinal estavam
ali para ganhar a luta e obter vantagens financeiras na forma de saques, para
eles existiu uma traição, mesmo assim a luta continuou.
Com Nicéia dominada era a vez da Síria a qual foi bem mais
difícil, devido as suas dificuldades geográficas, aprisionamentos,
desentendimentos entre os próprios cruzados e a resistência dos árabes que
apresentaram uma grande força militar, todavia o sucesso foi alcançado e após a
conquista de cidades que inclusive não foram entregues ao chefe bizantino
conforme o combinado chegou à vez de Antioquia, a qual tinha suma importância
comercial e também ponto estratégico para chegar ao principal objetivo. Em 1098
os cruzados ocupam Antioquia depois de sete meses de cerco e graças a astucia
de Boemundo, que contando com a traição de um cristão armênio morador daquela
cidade, facilitou a transposição das muralhas pelos cruzados, porém ao
penetrarem à cidade, os ocidentais se viram sitiados após a chegada de um exercito
turco que chegara para socorrer seus irmãos, sentindo que a situação estava
desfavorável, pois estava havendo muitas baixas e a fome já assolavam o
exercito, um camponês teve a solução para levantar o moral do pessoal, disse
que teria sonhado que havia ali a lança que ferira cristo, e que se a achassem
a guerra seria ganha. A tal lança com certeza foi encontrada no local indicado
pelo tal sujeito e a fé dos guerreiros foi renovada, agora tinham a certeza que
Deus estava do lado deles e conseguiram a vitória mesmo em desvantagem e em
campo aberto. Estava cumprida uma das mais importantes missões para chegar ao
ápice das conquistas, agora só faltava a principal e mais importante de todas
que era Jerusalém.
Após muitas lutas e as tais ações isoladas dos chefes
cruzados procurando conquistas em que pudessem ter benefícios próprios, como por
exemplo, a tramoia de Balbuino seguindo caminho diferente do objetivo
principal. Após derrotarem o exército muçulmano em Doriléia, este chefe junta
seu pessoal e segue em direção a Basiléia aliando-se a seu governante, que
sendo cristão pensou que ao invés de lutar seria melhor contar com a proteção
deste militar e proteger seu povo dos ataques turcos. Porém Balduino só faz o
acordo depois de se tornar herdeiro do rei. Com a morte deste soberano,
inclusive em situação suspeita, Balduino torna-se o monarca desta cidade e cria
o condado de Edessa em 1098. Outro caso em que a cidade foi devastada foi Ma`arrat
Al-Numan, onde a atrocidade foi tamanha que até crianças chegaram a ser comida
assada, sendo colocadas em espetos como se frango fosse. Finalmente em julho de
1099 o objetivo principal estava confirmado, os cruzados penetram em Jerusalém
depois de muita dificuldade e talvez a mais sangrenta de todas até aqui, pois a
perseguição foi de tamanha crueldade que andava em poças de sangue até o
tornozelo e muçulmanos retiravam seus mortos do templo de Salomão e faziam
montes tão altos como casas.
Com isso estava cumprida a missão, a cidade agora pertencera
a Jesus, e não mais a Maomé, pelo menos para os cristãos que voltaram a dominar
aquelas importantes terras, entretanto o seu essencial articulador não vira a
vitória, Urbano falece antes do triunfo final, Don Godofredo assume a
administração, mas no ano seguinte também perece deixando o governo nas mãos de
seu irmão Balduino, este terá a incumbência de defender a cidade dos contra-ataques
muçulmanos, mas isto é outra história que terá ênfase na segunda cruzada.
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